Durante a década de 70, um pouco mais tarde talvez, o cinema brasileiro floresceu como nunca, num lugar muito insólito. Sem financiamentos ou leis do incentivo do governo, esquecido pela Embrafilme e desprezado pela crítica e pela imprensa, o cinema produzido na chamada Boca do Lixo de São Paulo, era invariavelmente sucesso de bilheteria em todo o Brasil, e até mesmo na América Latina. Deram-lhe
o apelido pejorativo de pornochanchada, ainda que de pornográfico nada tivesse.
Era um cinema popular, composto de dramas e comédias, que falava diretamente ao espírito do público brasileiro. E que desafiava tabus, driblando a censura da ditadura e, por vezes, ampliando fronteiras da liberdade de expressão.
Este livro, escrito pelo crítico Alfredo Sternheim, que durante anos escreveu para o jornal O Estado de São Paulo, e depois dirigiu muitos filmes, justamente na Boca, é a primeira tentativa de analisar, não apenas o fenômeno que ocorreu na região central de São Paulo, mas também fazer um registro, um formato de Dicionário de Diretores, da carreira e filmografia de todos aqueles que passaram pela Boca, sem julgamento de qualidade do resultado.
Um trabalho de fôlego, de resgate da nossa memória cultural e popular, dentro da Coleção Aplauso, da Imprensa oficial do Estado de São Paulo.
Parabéns pela iniciativa. O cinema da boca do lixo ainda é estigmatizado pela sociedade brasileira.
Corrigindo o comentário do colega: Calibre 12 teve sim Tony Vieira no elenco, atuando e dirigindo o filme, dividindo cena com o referido João Amorim.
CALIBRE 12 DE 1988, FILME DE TONY VIEIRA, TEVE COMO PROTAGONISTA JOÃO AMORIM E NÃO TONY VIEIRA COMO ESTÁ NO LIVRO.