Sérgio Cardoso Imagens de Sua Arte Sérgio Cardoso Imagens de Sua Arte Um Roteiro Iconográfico Organizado e Comentado por Nydia Licia São Paulo, 2004 Governador José Serra Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Diretor-presidente Hubert Alquéres Coleção Aplauso Coordenador Geral Rubens Ewald Filho Apresentação Segundo o catalão Gaudí, não se deve erguer monumentos aos artistas porque eles já o fizeram com suas obras. De fato, muitos artistas são imortalizados e reverenciados diariamente por meio de suas obras eternas. Mas como reconhecer o trabalho de artistas geniais de outrora, que para exercer seu ofício muniram-se simplesmente de suas próprias emoções, de seu próprio corpo? Como manter vivo o nome daqueles que se dedicaram à mais volátil das artes, escrevendo, dirigindo e interpretando obras-primas, que têm a efêmera duração de um ato? Mesmo artistas da TV pós-videoteipe seguem esquecidos, quando os registros de seu trabalho ou se perderam ou são muitas vezes inacessíveis ao grande público. A Coleção Aplauso, de iniciativa da Imprensa Oficial, pretende resgatar um pouco da memória de figuras do Teatro, TV e Cinema que tiveram participação na história recente do País, tanto dentro quanto fora de cena. Ao contar suas histórias pessoais, esses artistas dão-nos a conhecer o meio em que vivia toda uma classe que representa a consciência crítica da sociedade. Suas histórias tratam do contexto social no qual estavam inseridos e seu inevitável reflexo na arte. Falam do seu engajamento político em épocas adversas à livre expressão e as consequências disso em suas próprias vidas e no destino da Nação. Paralelamente, as histórias de seus familiares se entrelaçam, quase que invariavelmente, à saga dos milhares de imigrantes do começo do século passado no Brasil, vindos das mais variadas origens. Enfim, o mosaico formado pelos depoimentos compõe um quadro que reflete a identidade e a imagem nacional, bem como o processo político e cultural pelo qual passou o País nas últimas décadas. Ao perpetuar a voz daqueles que já foram a própria voz da sociedade, a Coleção Aplauso cumpre um dever de gratidão a esses grandes símbolos da cultura nacional. Publicar suas histórias e personagens, trazendo-os de volta à cena, também cumpre função social, pois garante a preservação de parte de uma memória artística genuinamente brasileira, e constitui mais que justa homenagem àqueles que merecem ser aplaudidos de pé. José Serra Governador do Estado de São Paulo Coleção Aplauso O que lembro, tenho. Guimarães Rosa A Coleção Aplauso, concebida pela Imprensa Oficial, visa a resgatar a memória da cultura nacional, biografando atores, atrizes e diretores que compõem a cena brasileira nas áreas de cinema, teatro e televisão. Foram selecionados escritores com largo currículo em jornalismo cultural para esse trabalho em que a história cênica e audiovisual brasileira vem sendo reconstituída de maneira singular. Em entrevistas e encontros sucessivos estreita-se o contato entre biógrafos e biografados. Arquivos de documentos e imagens são pesquisados, e o universo que se reconstitui a partir do cotidiano e do fazer dessas personalidades permite reconstruir sua trajetória. A decisão sobre o depoimento de cada um na primeira pessoa mantém o aspecto de tradição oral dos relatos, tornando o texto coloquial, como se o biografado falasse diretamente ao leitor. Um aspecto importante da Coleção é que os resultados obtidos ultrapassam simples registros biográficos, revelando ao leitor facetas que também caracterizam o artista e seu ofício. Biógrafo e biografado se colocaram em reflexões que se estenderam sobre a formação intelectual e ideológica do artista, contextualizada na história brasileira, no tempo e espaço da narrativa de cada biografado. São inúmeros os artistas a apontar o importante papel que tiveram os livros e a leitura em sua vida, deixando transparecer a firmeza do pensamento crítico ou denunciando preconceitos seculares que atrasaram e continuam atrasando nosso país. Muitos mostraram a importância para a sua formação terem atuado tanto no teatro quanto no cinema e na televisão, adquirindo linguagens diferenciadas – analisando-as com suas particularidades. Muitos títulos extrapolam os simples relatos biográficos, explorando – quando o artista permite – seu universo íntimo e psicológico, revelando sua autodeterminação e quase nunca a casualidade por ter se tornado artista – como se carregasse desde sempre, seus princípios, sua vocação, a complexidade dos personagens que abrigou ao longo de sua carreira. São livros que, além de atrair o grande público, interessarão igualmente a nossos estudantes, pois na Coleção Aplauso foi discutido o processo de criação que concerne ao teatro, ao cinema e à televisão. Desenvolveram-se temas como a construção dos personagens interpretados, a análise, a história, a importância e a atualidade de alguns dos personagens vividos pelos biografados. Foram examinados o relacionamento dos artistas com seus pares e diretores, os processos e as possibilidades de correção de erros no exercício do teatro e do cinema, a diferença entre esses veículos e a expressão de suas linguagens. Gostaria de ressaltar o projeto gráfico da Coleção e a opção por seu formato de bolso, a facilidade para ler esses livros em qualquer parte, a clareza de suas fontes, a iconografia farta e o registro cronológico de cada biografado. Se algum fator específico conduziu ao sucesso da Coleção Aplauso – e merece ser destacado –, é o interesse do leitor brasileiro em conhecer o percurso cultural de seu país. À Imprensa Oficial e sua equipe coube reunir um bom time de jornalistas, organizar com eficácia a pesquisa documental e iconográfica e contar com a disposição e o empenho dos artistas, diretores, dramaturgos e roteiristas. Com a Coleção em curso, configurada e com identidade consolidada, constatamos que os sortilégios que envolvem palco, cenas, coxias, sets de filmagem, textos, imagens e palavras conjugados, e todos esses seres especiais – que nesse universo transitam, transmutam e vivem – também nos tomaram e sensibilizaram. É esse material cultural e de reflexão que pode ser agora compartilhado com os leitores de todo o Brasil. Hubert Alquéres Diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Apresentação Fazer voltar à memória a figura de um ator, através das imagens de suas criações não seria jogar com uma contradição? A tão decantada fugacidade da arte do intérprete não poderia ser a sua particular e especial riqueza, a transposição poética de nossa efêmera condição terrena? Contrariando tudo isso, tanta dedicação, tanto sofrimento, tanto trocar de almas, teimam em permanecer. Vídeo, cinema, imagem e voz seriam capazes de captar essa presente/presença, instante mágico de uma noite ou de uma tarde? Bem analisados, sem pressa, um gesto, um olhar fixados por um bom fotógrafo não deixam de ter seu poder de evocação, ainda mais quando reunidos, formando um extraordinário painel de diversidades. No caso de Sérgio Cardoso, cada uma das imagens (ao lado de fotos cotidianas que chamávamos antigamente de “instantâneos”) contará a história do moço que começou representando nos colégios beneditinos e jesuíticos e que, timidamente, se apresentou à Jerusa Camões, em 1945, para obter um papel em Romeu e Julieta, no Teatro Universitário, do Rio de Janeiro. Traçou definitivamente seu caminho dois anos depois, num teste, perante um júri que ouviu surpreendidíssimo a leitura do monólogo “Ser ou não ser”. Tratava-se de escolher intérprete para a próxima montagem de Hamlet, agora no Teatro do Estudante. Sérgio foi escolhido para ser o protagonista e naquele exato instante, talvez sem inteira consciência, comprometia-se definitivamente com o palco, onde deveria cumprir finalmente seu destino. Paschoal Carlos Magno, diretor do grupo, achou necessário que os moços e moças convocados aprendessem que uma encenação se faz com estudos teóricos e práticos. E sendo assim, concentrou-os num casarão da Tijuca a fim de que tivessem lições de esgrima, dicção, mímica, inglês e... Shakespeare. Competia a cada um dos presentes escrever uma espécie de “diário de bordo”, relatando os acontecimentos do dia. Longe ainda das agruras do teatro, Sérgio de Mattos Cardoso, entusiasmado e alegre escreveu naquele 28 de julho de 1947: “Sem galos madrugadores, nem coloridas alvoradas, levantamos burguesmente às sete e tanto. Já às nove estavam as três turmas de inglês conversando com Paschoal e Paula Lima ou conjugando I am, you are com Jacy Campos. Veio depois o Duque e sua elegante gravata borboleta (...) os minutos seguintes foram dedicados ao estudo das peças que serão encenadas”, conforme informa o Correio da Manhã em 31 de janeiro de 1947. Mais seis meses e estariam estreando no Teatro Fênix. E o público pôde constatar no ator-amador as qualidades que os críticos enumerariam depois: elegância e finura de gestos (quase um bailarino), belíssima voz de múltiplas inflexões. Não demorou muito para que vissem nele a maior revelação dramática do teatro brasileiro, depois de João Caetano. O entusiasmo por Sérgio / Hamlet / Espetáculo contagiou a cidade e fez lotar as cinqüenta sessões da temporada. Muitos iam ver e voltavam dias depois para conferir tal e tal passagem. Correu mesmo um boato que espectadoras emocionadas acompanharam todas as récitas no Fênix e no República, fazendo parte do que a crítica Bárbara Heliodora, trinta anos mais tarde, chamaria de “privilegiada confraria” daqueles que puderam ver o Hamlet de Sérgio Cardoso... O espetáculo passou por São Paulo. Acostumado ao amadorismo paulista, sempre tendendo a uma aproximação com o natural, Decio de Almeida Prado fez considerações sobre a gênese interpretativa de Sérgio Cardoso. Não negando suas qualidades “realmente espantosas”, vê nele algum parentesco com os discípulos de Ziembinski naquele período: a mesma exteriorização violenta, mesmo abuso e uso das qualidades físicas, a mesma fuga decidida ao naturalismo, nos gestos e inflexões. É um teatro mais de carne e nervos que de pensamento, mais exterior que psicológico. Mas, poderia se dar de outra forma a conquista que se tentava fazer de um público acostumado ao riso dos ingênuos problemas das comédias de costume? Estava muito recente ainda a modernização do nosso teatro. Aquele público deveria ser conquistado através de emoções mais fortes. E se houve na interpretação de Hamlet muito de “carne e nervos” estes fatores passaram a fazer parte de seu estilo, como se o ator perseguisse uma tradição dramática. Trabalhados, entremeados às outras qualidades, mas nunca reprimidos, fundamentaram suas criações. O entusiasmo da receptividade incomum levou Sérgio Cardoso a tentar, em 1945, uma companhia profissional, com alguns elementos do Hamlet primitivo, surgindo assim novo conjunto. Ruggero Jacobbi, responsável por dois dos espetáculos do Teatro dos Doze, apresentou-lhe Goldoni (Arlequim, Servidor de Dois Amos), aproveitando-se de sua flexibilidade corporal, de sua comicidade ainda não revelada, mas latente, e acrescentando um dado às suas preocupações interpretativas: não abandonar, nem fechar as portas em suas criações “aos espiritozinhos nacionais do moleque negro, do Saci-pererê, do dançarino grotesco índio, do carioca carnavalesco”, conforme lembra Berenice Raulino em seu livro Ruggero Jacobbi – Presença Italiana no Teatro Brasileiro. O fato é que trouxe para o Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo (seu porto de refúgio, após o fracasso financeiro do jovem elenco), um conhecimento da Commedia Dell’Arte, via Goldoni, e uma certeza: era não somente ator, mas um homem de teatro, uma vez que, além de intérprete, ficaram a seu cargo, na montagem profissional de Hamlet, os cenários e os figurinos. A permanência no TBC seria aquilo que poderíamos chamar de exercícios de alteridade. Percebeu ainda mais que será doravante um ator de vários rostos e almas, e somente nessas sucessivas andanças iria sentir-se realizado. Ao estrear naquela casa de espetáculos, com O Mentiroso, em 1949, surpreende. Está claro que o crítico o vê bem longe das “exteriorizações violentas”: Sérgio Cardoso é um extraordinário comediante, não apenas no sentido menor (estes os possuímos em abundância), mas também no sentido mais alto, de artista capaz de nos falar antes à imaginação e ao espírito do que aos sentidos. Seguindo em frente, o ator tece pacientemente as finas teias de Sófocles, Oscar Wilde, Máximo Gorki, da mesma forma com que se aperfeiçoa nas delicadezas de Jean Anouilh, no riso de Tchekhov ou Sauvajon, na indecifrabilidade de Pirandello e – sem medo e com muita coragem – na dramática e repugnante personalidade de Garcin, o covarde desertor de Entre Quatro Paredes de Jean-Paul Sartre. Na verdade esses três momentos da vida, o TE, o TD e o TBC, formam o profissional que tudo queria abranger e que sente a indefectível necessidade de um palco seu. Inaugura com Nydia Licia, em 1954, sua própria Companhia, antecedendo a casa de espetáculos tão desejada. Em Lampião, de Rachel de Queiroz, trabalha com esmero a voz e o corpo, compondo uma figura solitária, desconfiada e triste, levemente sinistra. No entanto, será ainda o Príncipe da Dinamarca, que em 1956 vai iniciar o Teatro Bela Vista. O artesão Sérgio Cardoso, dono do espaço, não faz nem os cenários nem os figurinos, mas dirige e fabrica medalhas e candeias. Aventura-se em Pirandello, em Suassuna, em Noel Coward e vê encantos num musical de Vicente Catalano. Não teme o boulevard, dirige um Vestido de Noiva exemplar e, num exercício de poesia, oferece à sua companheira uma comovente direção em Chá e Simpatia, de Robert Anderson. Entre direções e atuações, são quase vinte espetáculos. Fará alguns mais, longe do Bela Vista. Se as fotos vão ficar para sempre, outras lembranças esgarçadas vão tentar permanecer. Algumas repetidas à exaustão, todas as vezes que se contar em livros a sua história. Outras, temporariamente. Fragmentos de críticas sensíveis que notaram, em determinadas cenas, exemplaridades incontestáveis, ou então pedaços de uma voz nos ouvidos de quem ainda estiver vivo. De Sérgio Cardoso guardo nitidamente sua voz modulando os embates da vida em A Falecida, de Nelson Rodrigues: ... Vou apostar com duzentas mil pessoas... Seus cabeças-de-bagre... Casaca, casaca... Vascoooo! Vascoooo! Num crescendo, sua genialidade percorria em minutos, o ódio, o entusiasmo, o desespero, envolvendo-os num soluço, quase imperceptível. Compreendíamos de imediato, tudo quanto o autor se esforçou por nos dizer. Maria Thereza Vargas As frases feitas têm o péssimo hábito de se transformar em verdades absolutas. O Brasil é um país sem memória tornou-se uma justificativa para todo e qualquer esquecimento. Imaginem, pois, a minha alegria quando ouvi de Rubens Ewald Filho a notícia de que a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lançaria uma coletânea de biografias de artistas de diversas áreas. Amigo de longa data, Rubens sabia que possuo vasto acervo fotográfico da vida e da carreira de Sérgio e achou que um lançamento desse porte não poderia prescindir da figura de um dos maiores atores de teatro do Brasil. Aceitei a incumbência de organizar um roteiro iconográfico com o material que possuo e redigir o texto que comentaria as imagens. Minha finalidade é mostrar aos jovens estudantes de hoje -e ao público em geral -a versatilidade desse ator, cuja carreira meteórica iluminou os palcos brasileiros por tão pouco tempo. Nydia Licia eis de janeiro de 1948, um moço magro, franzino, muito míope, tirou os óculos e se preparou para entrar em cena no Teatro Fenix, no Rio de Janeiro. Era a noite de estréia do Hamlet de Shakespeare, apresentada pelo Teatro do Estudante e ele ia interpretar o papel principal. A peça, dirigida pelo alemão Hoffman Harnisch, começou; bastaram poucos minutos para o público perceber que algo diferente estava acontecendo. Aquele moço de aparência franzina, ao pisar no palco, se transformara em um gigante. E a platéia carioca, num silêncio total, acompanhou o desenrolar da tragédia shakespeariana, para no final explodir numa verdadeira ovação. No dia seguinte o nome de Sérgio Cardoso era manchete dos maiores jornais do Brasil. Mas como foi que um bacharel de direito, de repente, resolveu ser ator? lguma influência da família? Não. O pai, Francisco da Silva Mattos Cardoso, português de nascimento, era gerente do Banco Ultramarino. A mãe, Maria Esther da Fonseca Mattos Cardoso, nascida em Belém, no Pará, só cuidava do marido e dos filhos. Era descendente de espanhóis, franceses e índios. O irmão, Mário, bancário como o pai, gostava de futebol, de pescar e era tão tranqüilo que os passarinhos vinham comer em suas mãos. Só a irmã Manuelina, talvez a mais parecida com Sérgio, sonhava em ser bailarina, mas uma doença grave a obrigou a parar. Logo depois, casou-se com um médico, militar de carreira, e qualquer possibilidade artística foi completamente esquecida... Na infância de Sérgio não encontramos grandes manifestações artísticas, a não ser que levemos em conta as “terríveis cenas” (como ele mesmo as definia) que aprontava todas as vezes que era repreendido ou castigado; verdadeiros escândalos! Ou o teatro de marionetes com que brincava junto com a irmã. Ou ainda algumas imitações de artistas ou políticos. É claro que, após se tornar um ator de sucesso, não faltaram os parentes e amigos que declararam ter enxergado nessas brincadeiras infantis o prenúncio da futura carreira. Na realidade, era uma criança frágil, introvertida e contemplativa que gostava de música, principalmente de óperas. Com os irmãos Manoelina e Mário ascido em Belém a 23 de março de 1925, ali permaneceu por pouco tempo. Até os 5 anos de idade, Sérgio foi praticamente nômade. Tendo o pai sido transferido para a cidade do Porto, mudou-se para Portugal com toda a família. Após um tempo, voltaram para o Brasil e foram morar em Manaus. Em seguida, mais uma vez em Portugal e logo depois no Rio de Janeiro, onde Sérgio iniciou os estudos. A família, muito religiosa, quis que ele estudasse em escolas católicas. Esteve primeiro no Colégio São Bento e, em seguida, no Santo Inácio. Em 1937, no Santo Inácio, dirigido pelo jesuíta, Padre Moutinho, interpretou papéis em vários espetáculos, a maioria de autores desconhecidos: Vítima do Dever, Satã, Quem Deu o Pontapé? Quando o pai teve novamente que voltar a Portugal, Sérgio ficou no Brasil para não interromper os estudos. Foi transferido para São Paulo onde morava sua tia Julieta, irmã da mãe, que o inscreveu no Gymnasio São Bento, onde terminou o curso ginasial. Foi lá que tomou parte na peça Os Holandeses no Brasil, de autoria do padre beneditino José Solari e dirigida por um ex-aluno, o dr. Rubens Padim. No término do curso, Sérgio foi escolhido para orador da turma. Em 1941, o pai, nomeado definitivamente para o Rio de Janeiro, chamou de volta Sérgio à então Capital. Após estudar 3 anos no Colégio Anglo-Americano, onde não fez teatro mas ganhou muitas medalhas de natação, cursou Direito na Pontifícia Universidade Católica. ó em 1945 voltou a participar de um espetáculo teatral. O Teatro Universitário do Rio de Janeiro levou no Teatro Municipal a peça Romeu e Julieta de Shakespeare e ele viveu o papel de Teobaldo. Foi dirigido por Esther Leão, diretora portuguesa e professora de voz, famosa na época. Nada de muita importância até então. Nada que fizesse prever o estrondoso sucesso de Hamlet, apenas três anos mais tarde. Embora assistisse a todas as peças apresentadas no Rio, não freqüentava o meio artístico, nem procurou participar de alguma companhia teatral. Durante o período em que era estudante de Direito, trabalhou como desenhista profissional na Gráficos Bloch, passando em seguida para a Sidney Ross, desenhando rótulos para embalagens de sabonetes e pasta de dente, fazendo ilustrações e aprimorando seu traço de desenhista. É dessa época uma expressiva cabeça de Cristo, que anos mais tarde daria de presente à filha. Com os irmãos Mário e Manoelina e o cunhado Ademaro A mãe, D. Esther rabalhava na Sidney Ross Raymundo Magalhães Jr., autor teatral e tradutor de todos os textos americanos de sucesso. Num artigo escrito alguns anos mais tarde, conta como ficou espantado quando aquele mocinho muito quieto perguntou-lhe se teria uma cópia de sua peça Carlota Joaquina, pois gostaria de ler o texto cuja encenação assistira no teatro, mas não o encontrara em nenhuma livraria. Começaram então a conversar sobre arte, teatro e literatura, e Magalhães Jr. admirou-se com a cultura do jovem colega e a profundidade de suas observações. Em 1953, numa prova de confiança, lhe entregaria um texto seu, A Canção Dentro do Pão, para dirigir; e foi com ele que Sérgio fez sua estréia como diretor. No uniforme de gala, com o irmão Mário as a meta de Sérgio era o Itamaraty. Queria ser diplomata, viajar pelo mundo, ver tudo que havia de cultural e artístico. Sempre se dedicou à leitura -desde os 5 anos de idade -conhe cia em profundidade a literatura brasileira e a francesa, lia muitos textos de teatro, principalmente Shakespeare, mas parece que não sonhava em ser ator. Ele dizia que, em teatro, querer não é poder, no entanto rapidamente demonstrou que, quando quis, ele pôde. ogo após a estréia de Hamlet, seu mundo virou de cabeça para baixo. Só pensava em ser ator; não mais um diplomata e, muito menos, um advogado. No entanto, essa carreira brilhante surgiu de um equívoco, de um diálogo apressado e mal-compreendido, que manteve com Paschoal Carlos Magno, em 1947. Mas por que contar, em terceira pessoa, uma saborosa história que o próprio Sérgio escreveu, anos mais tarde, para apresentá-la no palco? “Estava eu no último ano da Faculdade. Já havia feito pecinhas de fim-de-ano nos colégios dos jesuítas e dos beneditinos, onde estudei... Já tinha colaborado com o Teatro Universitário... Assistia a tudo que era espetáculo: ópera no Municipal; comédias de Dulcina e de Procópio, de Jaime Costa e de Eva Tudor; as memoráveis temporadas de Os Comediantes; a estréia, numa delas, estréia badaladíssima, do Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, e – por que não dizer? – até revistas, na lendária Pça. Tiradentes... Mas o destino me arrastava, inapelavelmente, para um outro palco – o da própria vida! Eu reagia. E, reagindo, acabei por escolher a carreira mais teatral que o mundo me oferecia, fora de um palco – o Itamaraty, a carreira diplomática, pois, conforme já disse alguém, “um embaixador é um homem muito honrado que se manda para bem longe a fim de mentir em benefício do próprio país”. Mentir, como se sabe, é um dos sinônimos de representar. Acabava de voltar ao Brasil um de seus monstros sagrados, Paschoal Carlos Magno, diplomata e, mais do que diplomata, entusiasta de tudo que é arte, fundador do Teatro do Estudante do Brasil, uma das contribuições mais positivas à renovação da nossa arte dramática. Eu era muito tímido. Lembro-me que o vi, várias vezes, de longe, antes de criar coragem de me dirigir a ele. Até que um dia... -Doutor Paschoal... -O que é, meu filho? -Eu queria falar com o senhor... -Pode falar. -É que eu... -Você, o quê, meu filho? -Eu queria... Eu gostaria... Bem, eu tinha vontade de seguir a carreira... A inibição me impediu de acrescentar “diplomática“. Era para ele me orientar nos austeros corredores do Itamaraty. Paschoal pôs a sua mão amiga no meu ombro e arrematou a conversa. -Então apareça no dia tal, às tantas horas, no Teatro do Estudante do Brasil. Confesso que na hora não atinei bem o que tinha a ver o Itamaraty com o Teatro do Estudante do Brasil. Só mais tarde vim a saber que, para ele, Paschoal, carreira só existe uma, rimando com seu próprio nome – teatral... Na data marcada, lá estava eu, muito espantado, preenchendo uma ficha e tomando conhecimento de que iam escolher, por concurso, o elenco da maior tragédia que já se escreveu – Hamlet, de Shakespeare. Mais espantado ainda fiquei quando me chamaram e me vi diante de algumas dezenas de juízes – entre eles a nossa inesquecível Cecília Meireles – ten-do por trás algumas centenas de outros candidatos. Pensei: Afinal, nada tenho a perder. Mesmo que me dêem o menor papel da peça, esta é a última oportunidade que tenho de pisar num palco. E abri, ao acaso, o livro que haviam enfiado na minha mão... Era, justamente, a parte mais importante da tragédia, o monólogo To be or not to be, talvez a página mais famosa de toda a literatura teatral. Cenas de Romeu e Julieta, com o elenco do Teatro Universitário Então, já não foi só espanto. Foi surpresa, medo, alegria, dúvida, tudo misturado. Eu passara no teste e ganhara o papel do protagonista, o próprio Hamlet, Príncipe da Dinamarca, um dos personagens mais complexos de quantos já foram criados. Ensaiamos vários meses. No dia 15 de Dezembro de 1947 me formei, sonhando com a nossa embaixada em Paris... A de Washington também servia... Mas três semanas depois, num Dia de Reis, 6 de Janeiro, estreei como Hamlet. Já no dia 7 tudo era bem diferente... Nunca houve uma carreira de advogado ou de diplomata mais curta do que a minha: durou exatamente três semanas. Eu sempre quisera ser ator. Tinha agora a prova de que podia ser ator. Não demorou muito para chegar à conclusão de que devia ser ator. E conjugando esses três verbos – querer, poder e dever – sou ator até hoje, com a graça de Deus”. (Rio de Janeiro, 1972) iante dessa declaração, que nega tudo o que havia escrito antes, paira a dúvida: teria ele sempre desejado, em seu íntimo, ser ator (então por que não procurou companhias profissionais?) ou foi levado ao palco realmente por acaso? Não podemos esquecer que os padres sempre usaram o teatro como arma de catequese e, se influência houve nesse sentido, concretizou-se durante o ensino em escolas religiosas. Seu interesse pelo teatro teria então se iniciado na escola. eatro do Estudante do Brasil sucesso do Hamlet repercutiu no Brasil inteiro. Jornais e revistas abriram manchetes falando do surgimento de um grande ator, com imenso carisma, que conseguiu, durante meses, lotar diariamente o Teatro Fenix e, em seguida, o Teatro República do Rio de Janeiro, representando um texto clássico, dificílimo para o público. Os críticos não regatearam elogios à figura do príncipe dinamarquês. A energia física necessária para interpretar durante quase 4 horas subindo e descendo escadarias -quase voando - parecia impossível para alguém tão frágil fisicamente. A incrível elegância, os gestos, a voz forte e clara, de dicção perfeita, a segurança em cena, foram ressaltados por todos. “Não houve até hoje mais estrepitosa revelação de ator que a de Sérgio Cardoso” (Sábato Magaldi) “A esta altura Sérgio já era um nome nacional, projetado do anonimato à celebridade com uma presteza de que talvez não haja outro exemplo na história do teatro universal“ (Décio de Almeida Prado) Recebeu o prêmio de Revelação de Ator de 1948 pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais. aschoal procurou aproveitar, ao máximo, o sucesso. Chegou a cogitar na transformação do grupo em uma companhia profissional. Pretendia levar o espetáculo a todo o Brasil, mas conseguiu apresentá-lo apenas em Niterói, Campinas, Santos e São Paulo. A reação das várias platéias foi idêntica. Os jovens atores saíram consagrados: Maria Fernanda, Bárbara Heliodora, Sérgio Britto, Pernambuco de Oliveira, Nilson Penna, Luís Linhares, Wilson Grey prosseguiram em suas carreiras com sucesso. Em São Paulo, Bárbara seria substituída por Cacilda Becker, que já pertencera ao Teatro do Estudante e, na época, trabalhava em Rádio. Nada nele chamava a atenção, nada fazia desconfiar, nem de longe, que no palco do Teatro Municipal de São Paulo esse rapazinho, aparentemente tão tranqüilo e comum, se transformaria completamente, tornando-se um feixe de nervos, uma corda esticada e vibrante, uma tocha acesa. Durante três horas transformava-se por completo. Quem estava subindo e descendo as escadarias daquele palco não era o bacharel Sérgio Cardoso. Era Hamlet, Príncipe da Dinamarca, arrastando suas dúvidas, sua vingança, sua loucura e sua lucidez. (Texto, escrito por mim, no programa de inauguração do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.) Com Carolina Sotto Maior Com Maria Fernanda Com Cacilda Becker O elenco do Teatro do Estudante, entre eles Sérgio Britto e Maria Fernanda eatro dos Doze érgio mergulhou de cabeça na nova vida. Sua ambição empurrava-o para cima; era preciso ousar mais, sempre mais. E ele foi mais além. Queria realmente se profissionalizar. Como Paschoal, cheio de compromissos, não conseguiu levar adiante o sonho da Companhia, Sérgio, com um grupo de colegas, fundou o Teatro dos Doze. Estavam todos contagiados pelo sucesso de Hamlet; quem estava empregado se demitiu, para todos juntos partirem para a realização de um sonho. Participaram dessa aventura Sérgio Britto, Luís Linhares, Jaime Barcelos, Elysio de Albuquerque, Zilah Maria, Beyla Genauer, Fregolente, Jaci Campos, Carlos Couto, entre outros. strearam no Teatro Ginástico do Rio de Janeiro com uma nova montagem do Hamlet, dirigida pelo mesmo Hoffmann Harnisch, aproveitando a imensa repercussão do espetáculo do TEB. Novamente a peça lotou o teatro. A eles juntou-se um jovem diretor italiano, há pouco chegado no Brasil: Ruggero Jacobbi, que dirigiu o segundo grande sucesso da carreira de Sérgio: Arlequim – Servidor de Dois Amos, de Carlo Goldoni. Já no início da carreira, Sérgio começou a revelar suas múltiplas facetas. Foi o responsável pelo cenário e pelos figurinos da nova montagem do Hamlet. Já no Arlequim, surpreendeu o público com o humor e a leveza de um comediante e a agilidade de um bailarino. seu Arlequim era, em tudo, uma criação oposta à do soturno príncipe da Dinamarca. Nesse mesmo ano foi convidado pelo Serviço Nacional de Teatro a participar de um espetáculo beneficente, dirigido por Dulcina de Moraes, uma das maiores atrizes e diretoras da época. Sérgio e Beyla Genauer em cenários e figurinos criados por ele para Hamlet ratava-se de A Família e a Festa na Roça, de Martins Pena, a ser levado uma noite no Teatro Ginástico, e protagonizado por todos os primeiros atores da época. Lado a lado com as grandes figuras que tanto admirava, não desmereceu. De repente, era um caipira desdentado, encabulado, sem nada que lembrasse o jovem elegante das peças anteriores. edicou-se também ao teatro infantil, em Simbita e o Dragão, que Lúcia Benedetti escreveu especialmente para ele - Simbita era seu apelido de infância - mais uma vez desenhou cenários e figurinos. Criou uma figura infantil que se comunicava de tal maneira com as crianças que era difícil crer fosse aquela a sua primeira experiência no gênero. uando a terceira peça, Tragédia em Nova York, de Maxwell Anderson, não atingiu o mesmo sucesso das anteriores e a direção do Serviço Nacional de Teatro, que havia se comprometido a ceder-lhe o teatro por mais três meses, voltou atrás em sua promessa, Sérgio não teve outra saída a não ser desmanchar a Companhia. Ficou com as dívidas e uma terrível sensação de fracasso. inguém no Rio de Janeiro lhe estendeu a mão. Foi de São Paulo que chegou a ajuda inesperada. Franco Zampari, diretor do Teatro Brasileiro de Comédia, que há longos anos acompanhava o movimento teatral no Brasil, propôs assumir o pagamento de todas as dívidas do Teatro dos Doze e contratar Sérgio por dois anos, descontando uma parcela do ordenado mensal até liquidar a dívida toda. Sérgio, feliz por não dever mais nada no Rio e por participar do Elenco Permanente do TBC, mais feliz ainda ficou ao saber que Ruggero Jacobbi também iria para São Paulo, contratado como diretor, tanto no Teatro como na Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Arlequim - Servidor de Dois Amigos A Família e a Festa na Roça Simbita e o Dragão Tragédia em nova York á na juventude de Sérgio uma faceta nunca revelada, a de um poeta. Nunca fez alarde do que escrevera em momentos atormentados de sua vida, mas restam quase 20 poesias, sem data, mas muito reveladoras de sua sensibilidade e seu talento. O poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos as leu na década de 80 e disse que ... foi o mesmo que ministrar-me um trago duplo de surpresa e espanto... Tenho por mim que esses versos são anteriores à realização teatral de Sérgio, até hoje o nosso maior intérprete de Hamlet... Como ator, Sérgio só poderia estar de bem com a vida, pois atingiu o grau máximo que um ator pode alcançar no Brasil. Não obstante, aí está a sua poesia. Uma poesia sofrida, a escorrer sangue; ou melhor, a converter em noite um pensamento que deveria ser solar. Poema da Minha Morte Quando eu morrer, os vermes hão de vir fartar-se em minha boca e, chiando de prazer, saciarão sua fome louca em meus lábios e minha língua, fervilhando de gozo, morderão... Depois, meu coração será também servido nesta bacanal sem que eu solte um único gemido. Mas, quando tudo afinal estiver terminado, quando, fartos de mim, tiverem todos partido, só, completamente só enfim, quase de novo transformado em pó, quase de novo nada, descansarei na eternidade, levando como prova da passagem por aqui, como sinal de que vivi, minha boca escancarada numa larga gargalhada... eatro Brasileiro de Comédia m fins de 1949, teve início a verdadeira escola de teatro de Sérgio Cardoso. Nos três anos seguintes, dirigido por cinco diretores europeus, todos formados em Escolas de Arte Dramática e muito diferentes entre si, pôde interpretar todo tipo de papel, desenvolvendo suas habilidades inatas, disciplinando-as. Apararia arestas, enriqueceria conhecimentos artísticos e técnicos, burilaria seu talento, tornando realidade a promessa que a estréia de Hamlet profetizara. A mudança para São Paulo, apesar de todas as vantagens já apresentadas, não foi tão fácil. Ambiente diferente, bastante fechado, onde Sérgio era uma espécie de intruso, vindo de um outro mundo, com hábitos diferentes, primeiro ator absoluto, mimado pela crítica carioca. Aqui teria que se igualar a outros colegas, também talentosos, mas reduzidos a um quase anonimato pela línea assumida pela direção do Teatro, que só ressaltava os nomes dos diretores e da primeira atriz. A galeria de tipos que apresentou nos três anos que passou no TBC é impressionante, principalmente se lembrarmos que ele só tinha vinte e poucos anos. inte e três de novembro de 1949. A estréia de O Mentiroso, de Carlo Goldoni, traduzido e dirigido por Ruggero Jacobbi, foi o primeiro passo. Interpretando um texto de Commedia dell’Arte, cercado de todos os cuidados existentes em uma companhia profissional, dirigida por um empresário competente e sem preocupações financeiras, Sérgio pôde dedicar-se apenas à sua interpretação. E o fez de maneira primorosa. Ator clássico por excelência, estava à vontade nos trajes elegantes que o cenógrafo Aldo Calvo criou para a peça, e no cenário mágico que parecia flutuar a cada mudança de cena, rodopiando sobre dois palcos giratórios. O público sempre exigente das estréias do TBC ovacionou sua entrada em cena. Até hoje, quem assistiu à peça considera-a uma das mais perfeitas já apresentadas pela Companhia e a maior direção de Ruggero Jacobbi. A presença forte de Sérgio alavancou o elenco. Ele sempre exigia o máximo de si mesmo e com isso obrigava os outros atores a aprimorar suas interpretações. ntre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre -o papa do existencialismo na França -, foi a segunda peça em que ele atuou no TBC. Para um público habituado à sua tão decantada elegância em cena, foi uma surpresa. A figura repelente de Garcin, o covarde traidor, em nada lembrava as interpretações anteriores. Adolfo Celi, ao dirigir a peça, exigiu realismo total das personagens e uma violência que beirava o paroxismo. Mais uma vez Sérgio saiu-se bem. Havia só quatro atores em cena: Sérgio, Cacilda Becker, Carlos Vergueiro e eu. A claustrofóbica encenação atingiu em cheio a platéia com um impacto incomum. ”Sérgio surge agora, mostrando nova faceta de seu pujante temperamento” (Nicanor Miranda) “Garcin inexcedível” (Guilherme de Almeida ) companhava a montagem de Entre Quatro Paredes um ato de Checov, Pedido de Casamento, também dirigida por Celi, com Cacilda, Waldemar Wey e Sérgio. Uma farsa leve, que desanuviava o ambiente pesado da peça anterior. Sérgio, que adorava papéis caricatos, criou um personagem cheio de tiques, muito engraçado. Entre Quatro Paredes Com Cacilda Becker e Nydia Licia m Os Filhos de Eduardo, de Marc Gilbert Sauvajon, direção de Ruggero Jacobbi e Cacilda Becker, e participação de todo o elenco permanente do TBC, coube-lhe o personagem Jan Letzaresko, pianista polonês megalomaníaco. Embora se tratasse de um papel secundário, “a presença do ator era tão forte que dominava quase todas as cenas em que aparecia” (Fernando Faro) a controversa montagem de A Ronda dos Malandros, de John Gay, cujo texto inspirou Bertold Brecht a escrever A Ópera dos Três Vinténs - mas cuja temporada no TBC não passou de duas semanas -, viveu o Capitão Mac Heath, chefe do bando de ladrões de Soho. A direção foi de Ruggero Jacobbi. Com Cacilda Becker e Nydia Licia o dia 29 de maio de 1950 realizou-se, no saguão do TBC, o primeiro casamento de atores da Companhia. Sérgio e eu nos casamos, sendo seus padrinhos Ruggero Jacobbi e Carla Civelli, e os meus, Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo. Foi uma reunião de parentes, amigos e jornalistas. Em menos de dois anos se realizariam mais quatro enlaces de colegas. Importância de Ser Prudente, de Oscar Wilde, foi a primeira direção de Luciano Salce no Brasil. O papel de Algernon, o protagonista, é um desafio para qualquer jovem moderno. Necessita de muito estudo, muita pesquisa para conseguir transformar-se em “um snob, um dandy inglês do século passado, inconsistente, volúvel e hipocritamente descuidado” como Salce definiu no programa. m O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams, Sérgio aparecia apenas na última cena da peça, interpretando um caixeiro viajante. Era um papel propositadamente pequeno, pois, ao mesmo tempo, trabalhava como assistente de direção de Luciano Salce. Sempre que possível, procurava estar próximo dos diretores e absorver conhecimentos de direção. Com Elizabeth Henreid, Waldemar Wey e Nydia Licia Homem da Flor na Boca, de Luigi Pirandello, com cenário de Josef Guerreiro e acompanhamento musical de Inezita Barroso, apresentada no Teatro das Segundas-feiras sob a direção de Ziembinski – de quem também foi assistente de direção –, proporcionou a Sérgio o primeiro contato com o tão controvertido autor italiano. Trabalhando ao lado do mestre polonês adquiriu um maior conhecimento técnico; foi com ele que apreendeu os segredos de uma boa iluminação. Com Ziembinski m Do Mundo Nada se Leva, comédia americana de Moss e Hart, direção de Salce, Sérgio foi obrigado a representar o papel que mais detestava: o do galãzinho moderno. Com Elizabeth Henreid m O Inventor do Cavalo, farsa de Achille Campanile, Sérgio teve sua primeira chance de criar um cenário no TBC. Acompanhando a linha de direção de Luciano Salce, criou um ambiente fantasmagórico, figurinos e objetos de cena caricaturais. Sua criação exótica de O Poeta Maldito foi muito elogiada. ”Deliciosa caricatura” (Folha de S. Paulo) Da esquerda para a direita Frank Hollander, Luiz Calderaro, Haroldo Gregori, Renato Consorte, Waldemar Wey, A. C. Carvalho, Nydia Licia, Carlos Vergueiro, Rachel Moacyr e Sérgio Cardoso eis Personagens à Procura de um Autor proporcionou um novo encontro com Pirandello. Ao lado de Cacilda Becker e Paulo Autran, e dirigido por Adolfo Celi – por sinal siciliano, como o autor –, Sérgio construiu um PAI de tal maneira visceral e dramático que lhe valeu os mais calorosos elogios da crítica paulista e carioca. Pela primeira vez um programa do TBC dedicou-lhe um pequeno artigo , declarando que “com essa interpretação Sérgio Cardoso firma-se, definitivamente, como um dos maiores artistas do teatro nacional”. Sérgio e uma caricatura dele em Seis Personagens... oucos meses mais tarde, a Companhia do Teatro Italiano, dirigida por Luigi Squarzina e tendo como intérprete principal Vittorio Gassman, levou no Teatro Municipal a mesma peça. Crítica e público foram unânimes em afirmar que o espetáculo do TBC nada ficou a dever ao dos italianos. Com Vittorio Gassman pós o drama pirandeliano nada melhor do que uma pièce rose de Jean Anouilh: Convite ao Baile. Uma nova empreitada o aguardava: representar os dois gêmeos Horácio e Frederico, absolutamente idênticos no físico e totalmente diferentes no caráter. O importante era que o público percebesse instantaneamente de quem se tratava. Não havia nada que os diferenciasse, a não ser a interpretação do ator. “Sérgio alternou os dois temperamentos opostos com uma superioridade de grande ator”. (Revista Anhembi) Com Elizabeth Henreid Elenco de Convite ao Baile alé, de Máximo Gorki, dirigida por Flaminio Bollini Cerri, foi um desafio quase insuperável. Representar um ator que fora um intérprete do Hamlet, mas não no papel do Príncipe dinamarquês e sim no do Coveiro, e que ainda por cima é um bêbado fracassado, foi extremamente difícil. O espetáculo foi televisionado diretamente do palco do TBC pela TV Tupi, Canal Três, direção de Cassiano Gabus Mendes. Em 1952, um encontro com Getúlio Vargas, no Catete. Para agradecer, em nome do TBC, à outorga da Ordem do Cruzeiro do Sul a Ziembinski, em seu jubileu de prata como ator. Fomos com Rubens de Falco e Maurício Barroso. iálogo de Surdos, de Clô Prado, direção de Bollini, foi a primeira peça nacional que Sérgio representou no TBC. O papel do jovem “emurado dentro de si mesmo”, como o definiu a autora, foi escrito especialmente para ele. “... e acaba por impor-se inteiramente por atravessar, sem qualquer descaída, uma das situações mais fáceis de cair no convencional: a do acesso de loucura em cena“. (Décio de Almeida Prado ) Inimigos Íntimos, de P. Barrillet e J.P. Grédy, foi um oásis para os atores de tantos dramas no TBC. Comédia moderna, simples, agradável, ofereceu aos seus intérpretes “a possibilidade de serem eles mesmos.” (o diretor Luciano Salce ) um mesmo espetáculo, Adolfo Celi dirigiu a Antígone de Sófocles e a de Jean Anouilh. Nas duas Sérgio foi o Mensageiro que na tragédia grega entra no final da peça e num monólogo altamente dramático narra as mortes acontecidas fora de cena, compadecendo-se delas. No drama moderno, transmite os acontecimentos quase num tom de reportagem. “Sérgio e Ziembinski valorizaram ao máximo seus papéis com interpretações perfeitas“. (Clóvis Garcia) última peça de Sérgio no TBC foi Vá com Deus, de John Murray e Allen Boretz, direção de Flamínio Bollini Cerri, com assistência de direção de Antunes Filho. O papel de Gordon Miller permitiu uma criação na linha de Groucho Marx, escancaradamente vigarista, totalmente Século XX. A melhor apresentação foi a da despedida, em que o diretor permitiu o “enterro” da peça e Sérgio, Ziembinski, Cleyde Yaconis, Joseph Guerreiro e todos os atores improvisaram com muito humor. No fim do espetáculo, Maurício Barroso, em nome de todo o elenco, nos desejou sucesso em nossa ida para a Cia. Dramática Nacional, com um sonoro: “Vá com Deus... e volte logo”. Dr. Franco Zampari, num gesto senhoril, entregou a chave do camarim a Sérgio, dizendo que, em qualquer momento em que quisesse voltar para São Paulo, só haveria de entrar no teatro, pendurar o paletó e dizer: “Voltei para trabalhar”. 13 de setembro de 1952, nasceu Sylvia Luisa, nossa filha, a quem Sérgio amou profundamente e de quem escreveu, três dias antes de sua morte: “Dizem que alguém só se realiza na vida depois que faz três coisas: tem um filho, planta uma árvore e escreve um livro. Árvores, já plantei muitas. Livro, o que já escrevi talvez desse para publicar um volumezinho de uma dezena de páginas... Mas, mesmo que eu morasse no deserto do Saara e fosse analfabeto, analfabeto de não saber nem assinar o nome em X, bastaria Sylvia, para que eu me sentisse plenamente realizado. Sylvia é tudo para mim. Ótima filha, ótima estudante. Gente”. ompanhia Dramática Nacional convite do Serviço Nacional de Teatro, órgão do Ministério de Educação e Saúde, para voltar ao Rio de Janeiro, foi recebido por Sérgio com entusiasmo. Ele tinha saudade do Rio de Janeiro e do público de lá. Embora reconhecendo a importância de sua estada no TBC, via poucas oportunidades futuras no elenco. Jamais chegaria a dirigir, que era o que mais lhe interessava e também nos últimos tempos suas chances como ator tinham diminuído muito. Os últimos papéis não tinham sido tão importantes e desafiadores como no início, e ele precisava de novos desafios. Companhia Dramática Nacional lhe oferecia o papel de protagonista nas três peças a serem apresentadas e a possibilidade de dirigir uma delas. Além disso, tratava-se de um repertório exclusivamente brasileiro, o que por si só teria sido suficiente para Sérgio aceitar o convite. Foi uma aventura arriscada, porque a Companhia só tinha sido criada no papel; a verba ainda não existia oficialmente, mas nem por isso seu entusiasmo esmoreceu. Afinal seria “a primeira experiência de um elenco oficial estável, destinado ao aproveitamento e seleção dos valores artísticos brasileiros”. s três textos eram de autoria de Nelson Rodrigues, Guilherme de Figueiredo e Raymundo Magalhães Jr. e os três diretores seriam, respectivamente, José Maria Monteiro, Bibi Ferreira e Sérgio Cardoso. Três peças ensaiadas ao mesmo tempo, num trabalho exaustivo que ia das 9 da manhã à meia-noite. Após a temporada de estréia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em junho de 1953, a Companhia se apresentou em Petrópolis, Juiz de Fora, Niterói, Rio de Janeiro (Pça. Tiradentes), Campinas e São Paulo. Falecida, farsa trágica de Nelson Rodrigues, dirigida por José Maria Monteiro, com cenários de Santa Rosa, foi o primeiro texto levado pela Cia. Dramática Nacional. Apesar de proporcionar boas oportunidades a Sônia Oiticica e Leonardo Villar, para Sérgio não foi uma grande volta aos palcos cariocas. O público, acostumado a vê-lo em peças de época, estranhou o ator com roupas modernas, falando em gíria; acharam que São Paulo tinha estragado Sérgio, que ele tinha se aburguesado, que não era mais o mesmo. Para tornar convincente o papel de torcedor de futebol, ele até passou a freqüentar o estádio do Maracanã, para estudar o comportamento dos torcedores fanáticos. m contrapartida, A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, dirigida por Bibi Ferreira, cenário e figurinos de Anísio Medeiros, foi aplaudida de pé no Teatro Municipal, numa das maiores ovações já ouvidas num teatro de prosa. Com Nydia Licia e Renato Restier Rio reencontrava seu ator predileto. Em todas as cidades em que se apresentou despertou o mesmo entusiasmo. O papel de Esopo foi elogiadíssimo, não só pela interpretação, mas também pela composição física do corcunda torto e manco, só que o esforço para manter as pernas dobradas e tortas custou a Sérgio o deslocamento do menisco da perna direita. “O principal intérprete, Sérgio Cardoso, se impõe nesta ocasião como o maior ator brasileiro, não só de sua geração, mas da atualidade”. (Claude Vincent) ecebeu o Prêmio de Melhor Ator Cômico de 1954 da Prefeitura do Distrito Federal. Guilherme de Figueiredo escrevera inicialmente A Raposa e as Uvas para Procópio Ferreira que, entusiasmado, a incluiu em seu repertório e convidou Sérgio para criar cenário e figurinos. Chegou a iniciar os ensaios, mas, insatisfeito com o elenco, desistiu de montá-la e a cedeu a Sérgio. Desenhos de Sérgio para figurinos e mobiliário de A Raposa e as Uvas Canção Dentro do Pão, de Raymundo Magalhães Jr., cenários e figurinos de Nilson Pena, foi a terceira peça e a primeira oportunidade de Sérgio dirigir, um dos motivos mais fortes de sua saída do TBC. Sérgio se preparou cuidadosamente. Dirigiu com firmeza, bom gosto e humor. Nada, no espetáculo, revelava tratar-se de um diretor estreante. Além disso, participou como ator no papel de Jacquot. A crítica e o público receberam-no com muitos elogios. “Conta nosso teatro agora, em Sérgio Cardoso, além de excelente intérprete, um diretor de amplas possibilidades”. (Revista Anhembi) Recebeu o Prêmio de Maior Ator Cômico de 1954, da Prefeitura do Distrito Federal, pelas duas peças. Em São Paulo recebeu o Prêmio Governador do Estado para Melhor Diretor de 1954, além do Prêmio Sacy de O Estado de S. Paulo, para Melhor Ator de 1954 pelas duas peças. Com Nydia Licia e Leonardo Villar Com Nydia Licia Na página ao lado e nas seguintes, exemplos da preparação de Sérgio Cardoso para dirigir A Canção Dentro do Pão spetáculos Independentes érgio trabalhou mais uma vez sob a direção de Bibi Ferreira em A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas. Ao lado de Jaime Costa e do ator português João Villaret, viveu o papel do Cardeal francês Montmorency, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em São Paulo, Villaret seria substituído por Manoel Durães e, numa única apresentação na TV, por Procópio Ferreira. ano de 1953 foi o dos primeiros contatos com a televisão. A TV Tupi levou para os estúdios do Sumaré A Raposa e as Uvas, com todo o elenco da Companhia Dramática Nacional. A TV Record, recém-inaugurada, apresentou durante seis meses Um Personagem no Ar, escrito e dirigido por Sérgio, interpretado por nós dois. Logo depois, Romance, focalizando os grandes amores da História. Como Otelo, em Um Personagem no Ar, pela TV Record Como Napoleão, em Romance, pela TV Record m seguida, Toi e Moi, com Sérgio e Rita Cléos: apresentação diária, na TV Record, de uma poesia do livro de Paul Geraldy, traduzido por Guilherme de Almeida. m 1954, Adolfo Celi convidou Sérgio para participar, no TBC, de um espetáculo em homenagem ao IV Centenário da Cidade de São Paulo: Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias. Viveu o papel do Alcoforado. ambém no ano do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo, a colônia italiana ofereceu um espetáculo: A Filha de Yorio, tragédia pastoral de Gabriele D’Annunzio. Dirigida por Ruggero Jacobbi e com numeroso elenco encabeçado por Cacilda Becker, Sérgio, eu, Leonardo Villar, Dina Lisboa e mais vinte atores, foi apresentada durante alguns dias no Teatro de Cultura Artística. Sérgio viveu o papel de Aligi. Só existem fotos de ensaio. Com Rita Cléos om a Companhia Cacilda Becker apresentou-se na TV Record, no Teatro Royal, em várias adaptações de contos e novelas dirigidos por Ruggero Jacobbi. ompanhia Nydia Licia Sérgio Cardoso ano de 1954 foi aquele em que Sérgio e eu descobrimos na Rua Conselheiro Ramalho o antigo Cine Teatro Espéria, abandonado e em vias de ser transformado em mercado ou garagem. Foi obra do acaso: nunca se ouvira falar de um teatro, tão perto do TBC. Ao descobri-lo, vimos a realização de um sonho: um teatro nosso. Fomos até os donos e o alugamos por 10 anos, com opção para mais 5. Em seguida, iniciou-se a procura de sócios na empreitada de reformar o edifício e transformá-lo no teatro mais moderno e confortável de São Paulo. Os engenheiros Otto Meinberg e Ricardo Capote Valente aceitaram o desafio, e assim foi fundada a Empresa Bela Vista que passou a ser a responsável pela reforma e administração do prédio. Em seguida, teve início uma campanha para angariar sócios. Foram dois anos exaustivos até a inauguração, em maio de 1956. Paralelamente, era preciso criar uma Companhia com atores jovens e idealistas, que estivessem dispostos a ensaiar, durante muitos meses, o espetáculo de estréia: nada menos que o Hamlet, desta vez dirigido pelo próprio Sérgio. Foi da Escola de Arte Dramática, de Alfredo Mesquita, que surgiram os jovens intérpretes: Berta Zemel, Jorge Fischer Jr., Emanuele Corinaldi, Libero Ripoli e Gustavo Pinheiro, que passaram a participar do elenco. Aos 31 anos, Sérgio criava, ao mesmo tempo, um teatro, uma companhia e era o primeiro diretor brasileiro a dirigir e interpretar um texto de Shakespeare em São Paulo. “Ele surgiu com uma novidade: ia emancipar-se artisticamente. Pretendia ter seu teatro, sua companhia, reconstruir, na medida do possível, aquele sonho que foi o Teatro dos Doze. Nos arraiais da amizade houve certa apreensão. Será que ia dar certo? Aquela experiência frustrada do Teatro dos Doze iria se repetir? Mas há uma diferença entre sonhar em São Paulo e sonhar no Rio. No Rio, sonho fica sempre flutuando entre realidade e irrealidade. Em São Paulo, o sonho vai tomando corpo, ganhando substância. Quem quiser sonhar com eficiência vá sonhar em São Paulo. Há sempre um grupo de paulistas atentos, examinando os sonhos como quem examina café. Se o sonho presta, pode contar que vai para a Bolsa de Valores. O de Sérgio prestava. E muito. Resultado: Teatro Bela Vista, Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso”. (Lúcia Benedetti, escritora) ambém em 1954 foi fundada a Companhia Nydia Licia -Sérgio Cardoso, que iniciou suas atividades no Teatro Leopoldo Fróes, apresentando O Lampião, drama de Rachel de Queiroz, com cenários e figurinos de Aldemir Martins, músicas folclóricas selecionadas pelo cineasta Lima Barreto, direção do próprio Sérgio, que interpretava o pa-pel principal. Com Araçary de Oliveira, Rubens de Falco, Leonardo Villar, Carlos Zara. Para muitas pessoas foi essa a maior interpretação de Sérgio, apesar da estréia ter sido bastante tumultuada na parte técnica. Detalhe de Ziembinsky, na noite de estréia, maquiando Sérgio para o papel de Virgulino Ferreira “Como montagem, como interpretação, como tudo enfim, Lampião foi um dos mais belos acontecimentos a que assisti, em matéria de teatro, durante minha permanência no Brasil”. (Alberto Cavalcanti, cineasta) Com Leonardo Villar e Araçari de Oliveira Aquarelas de Aldemir Martins, projeto dos cenários de Lampião segunda peça foi Sinhá Moça Chorou, comédia de Ernani Fornari, com cenários e figurinos de Anita de Athayde, também dirigida por Sérgio, que representou apenas um pequeno papel. Com Zaide Rassel, Leonardo Villar, Nydia Licia, Nieta Junqueira e Carlos Zara eatro Bela Vista pós dois anos de reformas ficou pronto o teatro, que recebeu o nome do bairro: Teatro Bela Vista. A 15 de maio de 1956 estrelava o Hamlet, com tradução do poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos, cenário e figurinos de Eduardo Suhr, música especialmente composta pelo maestro Enrico Simonetti e gravada pela Orquestra Sinfônica Municipal. Com Carlos Zara, Nydia Licia, Raimundo Duprat e Zeluiz Pinho Três momentos da cenografia de Hamlet estréia foi um sucesso. Toda a crítica elogiou a direção e a coragem da empreitada: “... nosso primeiro encenador capaz de enfrentar qualquer texto e o intérprete de estatura trágica que faltava ao teatro brasileiro contemporâneo”. (Sábato Magaldi) “O primeiro diretor brasileiro a se colocar em nível indiscutivelmente internacional”. (Alfredo Mesquita) “O Hamlet de Sérgio Cardoso é um espetáculo que honra o nosso teatro e que ficará como um marco na história da arte dramática no Brasil”. (Paulo Mendonça) Recebeu o Prêmio Governador do Estado para Melhor Ator de 1956 Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais para Personalidade Teatral de 1956 Prêmio Sacy Especial de O Estado de S. Paulo, pelas realizações no Teatro Bela Vista em 1956. ão dele os objetos de cena: coroas, cintos, medalhas em couro cru, enfeitados com metal e pedras incrustadas. Essa era sua higiene mental. À noite, depois dos ensaios, ficava trabalhando, enquanto a cabeça fervilhava de idéias novas, de marcações a serem realizadas no dia seguinte. Alguns exemplares hoje estão no Museu de Teatro em Belém do Pará. egundo espetáculo, uma comédia: Quando as Paredes Falam, de Férenc Molnar, autor húngaro, dirigida por Ruggero Jacobbi. Ótima oportunidade de desanuviar a cabeça do elenco. Sérgio criou um tipo meio caricato, que usava palavras húngaras. Com Nydia Licia e Carlos Zara Na remontagem do espetáculo, com Tarcísio Meira substituindo Carlos Zara Raposa e as Uvas, numa nova montagem, dirigida por Sérgio, respeitando a direção de Bibi. Cenário e figurinos de Irênio Maia. Programada para ficar em cartaz durante duas semanas, ficou nove e alcançou altos índices na Bolsa de Teatro, das Folhas (votação do público). Comício, comédia de Abílio Pereira de Almeida, o autor paulista de maior sucesso, estava sendo escrita para Jaime Costa. Sérgio decidiu levá-la e convidou o velho ator para o papel do “demagogo candidato preparando sua eleição para a governança do Estado“ (Abílio). Sérgio, irreconhecível na caracterização do velho sírio, “a fisionomia, a máscara que compõe, e na qual quase não o reconhecemos, revela logo o ator de grande imaginação“. (Décio de Almeida Prado) há e Simpatia, de Robert Andersen, foi o maior sucesso da Companhia e a maior direção de Sérgio. Não participando da peça, dedicou-se totalmente a dirigir, criando um clima delicado e ao mesmo tempo altamente dramático, que a transformou num recorde de bilheteria e de aceitação do público e da crítica. O cenário de Alexandre Korowaiczik, cenógrafo da TV Tupi, e a música de Chopin, inteiramente gravada pela pianista Guiomar Novaes, criaram um clima envolvente. Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais para Melhor Diretor de 1957 Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais para Melhor Espetáculo de 1957 Prêmio Governador do Estado para Melhor Diretor de 1957 Prêmio Governador do Estado para Melhor Espetáculo de 1957 Prêmio Sacy, de O Estado de S. Paulo, para Melhor Diretor de 1957 Prêmio Sacy, de O Estado de S. Paulo, para Melhor Espetáculo de 1957 Além de 4 prêmios de Melhor Atriz, um prêmio de Ator Coadjuvante, um de Revelação de Cenógrafo e um de Melhor Cenotécnico. Nydia Licia e Jorge Fischer Jr. ovo encontro de Sérgio com Pirandello: Henrique IV, com direção de Ruggero Jacobbi, tradução de Brutus Pedreira, cenários e figurinos de Aldo Calvo. A interpretação do nobre louco, encarcerado dentro de seu passado, foi considerada mais uma grande interpretação. Durante todo o espetáculo pairava a dúvida: Estaria ele realmente louco ou estaria fingindo? Prêmio Governador do Estado, para Melhor Ator de 1957 Sacy, de O Estado de S. Paulo, para Melhor Ator de 1957 m admirador, ex-“gerarca” fascista, deu a Sérgio um presente inusitado: a máscara mortuária de Pirandello, que havia trazido da Itália ao mudar-se para o Brasil, após a II Guerra. Casamento Suspeitoso, segunda peça de Aria-no Suassuna apresentada em São Paulo, dirigida por Hermilo Borba Filho, o mesmo diretor de A Compadecida, que tanto sucesso alcançou, deu a Sérgio a oportunidade de criar um malandro nordestino, “a figura sabida e simpática do amarelinho, que é quem no final Com Waddington desmascara os vigaristas e Zeluiz Pinho e conduz a história a um final feliz”. (Hermilo) Com Wanda Cosmo rês Anjos sem Asas, de Albert Husson, com cenário de Clovis Garcia. Comédia francesa, não foi elogiada pela crítica. ma Cama para Três, de Claude Magnier, direção e cenário de Sérgio, com Vera Nunes e Carlos Zara, é um vaudeville sem maiores pretensões, mas bastante engraçado, enfocando, como sugere o título, um triângulo amoroso. Com Nydia Licia e Carlos Zara ovamente um grande espetáculo e um grande autor: Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com cenário e direção de Sérgio, que não tomou parte no espetáculo. Enfoque moderno, piso de plástico transparente em formato de raio e iluminação de baixo para cima, para criar o clima de delírio. Bem diferente da montagem de Os Comediantes, foi muito elogiado pelo autor. O cenário foi exibido na Bienal de São Paulo. “Guardo da encenação de Sérgio Cardoso lembrança muito positiva. Não tinha, como elemento comparativo, o espectro da criação de Ziembinski“. (Sábato Magaldi) mor sem Despedida, de Daphne de Maurier, cenário de Alexandre Korowaiczik, direção de Sérgio. “Amor outonal vivido enquanto o crepúsculo tomba sobre o mar e as gaivotas emudecem...” (Sérgio Cardoso) érgio seguiu para Recife para participar, como convidado especial, do Primeiro Congresso Brasileiro de Teatros do Estudante, organizado pelo Ministro Paschoal Carlos Magno onde, com a presença do ator, foi feito o Julgamento da personagem Hamlet, com participação de Juiz, Promotor, Advogado de Defesa e Jurados. Quem assumiu a defesa foi o Dr. Evandro Lins e Silva e a acusação, o Dr. Carlos de Araújo Lima. ma temporada da Companhia durante dois meses no Teatro Copacabana do Rio de Janeiro, em que foram apresentadas A Raposa e as Uvas e Chá e Simpatia, proporcionou-lhe mais um prêmio: Maior Ator Dramático de 1958, da Prefeitura do Distrito Federal, por A Raposa e as Uvas (Não esqueçamos que, pela mesma peça, na Cia. Dramática Nacional, recebera o prêmio de Melhor Ator Cômico). ovamente na TV Record, a Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso apresentou, durante nove meses, o Grande Teatro Mercedes Benz, com adaptações, sempre ao vivo, de peças, contos e romances. Direção de Sérgio, Nydia e Wanda Kosmo. m Nu com Violino, de Noel Coward, uma sátira à arte moderna, o protagonista tem oportunidade de exibir seu histrionismo cosmopolita, atendendo telefonemas em 8 línguas diferentes. Desafio de que Sérgio gostava muito. Com Marina Freire, Rita Cléos, Ruthinéa de Moraes, Raimundo Duprat e Emanuele Corinardi m Trio, Sérgio remontou três peças em um ato, que já haviam sido apresentadas no TBC: Antes do Café, de Eugene O’Neill, O Homem da Flor na Boca, de Pirandello, e Lembranças de Berta, de Tennessee Williams. Além da direção, assumiu os cenários das três. Interpretou novamente o Homem “debruçado sobre a morte, tentando se apegar à vida, num soluço de desespero”. (Sérgio Cardoso) ê-se abaixo a espada que o ator português Eduardo Brazão, grande intérprete de Hamlet, mandou fosse entregue, após sua morte, ao ator brasileiro que mais admirava: Procópio Ferreira. Procópio, por sua vez, a entregou a Sérgio, declarando, de público, considerá-lo o maior ator de sua geração. Sérgio e Procópio, não obstante a diferença de idade, sentiam grande respeito e admiração um pelo outro. Que se transformou numa sólida amizade. estréia mais esperada do ano: Sexy, comédia musical de Vicente Catalano, música do maestro Enrico Simonetti, gravada no palco do Teatro Bela Vista, considerado o de melhor acústica em São Paulo. Cenário de Irênio Maia, coreografias de Ismael Guiser, preparação corporal de Marika Gidali. Um novo desafio: cantar e dançar em cena, experiência já testada por Laurence Olivier, Jean Louis Barrault e Vittorio Gassman. Foi um grande sucesso de público, mas a crítica desaprovou o desfile de moda apresentado dentro do espetáculo, considerando-o um lance “menor”. Medalha do jornal A Gazeta, para Ator mais Popular de 1959, em Teatro. Com Suzi Arruda, Rita Cléos e Guilherme Correa, em Sexy o Teatrinho O’Neill, construído no recinto da 5ª Bienal Internacional de São Paulo, Sérgio apresentou, com Guilherme Corrêa, Hughie, peça em um ato de Eugene O’Neill, tradução de Alceu Nunes. Foi a segunda apresentação mundial. Promoção da Uni-versidade de Yale, do Consulado Americano e da Associação Paulista de Críticos Teatrais Última peça no Teatro Bela Vista: O Soldado Tanaka, de Georg Kaiser, autor nunca antes representado no Brasil. Montagem extremamente ambiciosa, com Sérgio, Sônia Oiticica, o estreante Tarcísio Meira e mais 30 personagens em três ambientes diferentes. Cenários e figurinos de Irênio Maia. Encerrava-a um monólogo extremamente emocionado de Sérgio: “Um brado de revolta contra qualquer tipo de opressão”. (Sérgio Cardoso) Com Tarcísio Meira, em O Soldado Tanaka ompanhia Sérgio Cardoso ano de nossa separação, 1960, foi também o ano da saída de Sérgio do Teatro Bela Vista. Não queria mais ficar em São Pau- lo e partiu para uma excursão pelo Brasil. Inicialmente levou para o Teatro Mesbla, no Rio de Janeiro, algumas montagens paulistas: Sexy, A Raposa e as Uvas, Uma Cama para Três. Em seguida a Companhia foi para o Sul, acrescida de alguns atores cariocas. Sexy, por ser montagem muito cara e complicada, foi substituído por um novo trio, composto por Enganado, Ferido e Satisfeito, de Alejandro Casona, Retrato de uma Ma-dona, de Tennessee Williams, e O Homem da Flor na Boca, de Pirandello. A turnê teve início em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em seguida foi para Curitiba, Belo Horizonte, interior de São Paulo, novamente Rio de Janeiro e, em seguida, Salvador. Ali se dissolveu, apesar do sucesso de público. oltou a Salvador, a convite do Teatro da Universidade Federal da Bahia, para interpretar Calígula, de Albert Camus, sob direção de Eros Martins Gonçalves, mas adoeceu gravemente tendo de ser hospitalizado, e o espetáculo foi interrompido. Remontou-o mais tarde em São Paulo, colaborando com a SAJE - Sociedade de Auxílio à Juventude Estudantil. e volta ao Rio de Janeiro, dirigiu para a Companhia de Mme. Morineau, Um Estranho Bate à Porta, de Mel Dimell. m 1962, Cacilda Becker e Walmor Chagas o trouxeram de volta a São Paulo para trabalharem juntos em dois espetáculos: A Terceira Pessoa, de Andrew Rosenthal, no Teatro Cacilda Becker, e A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt, uma grande montagem apresentada no Teatro Record, cujo palco era bem mais amplo. No elenco de A Visita da Velha Senhora Com Cacilda Becker e Walmor Chagas em A Terceira Pessoa Última peça paulista, em 1964: Gog e Magog, de Mac Dogall e Ted Allan, no TBC, a convite do diretor Alberto D’Aversa. inda se apresentou, no Teatro da Aliança Francesa, com um belíssimo espetáculo-solo, em que viveu 25 personagens diferentes: O Resto é Silêncio, direção e texto de sua autoria, reunindo sonetos e uma coletânea de monólogos de Shakespeare, ilustrados com projeções de slides, confeccionados pelo Serviço de Documentação da Universidade de São Paulo. Figurinos de época, acessórios, máscaras, assinados por Sérgio. Tudo especialmente criado para o espetáculo. Foi em homenagem ao quarto centenário do nascimento do poeta. Narração gravada por Sônia Oiticica, músicas extraídas da obra de Purcell e Elgar, conterrâneos de Shakespeare; e solo de alaúde, por Maria Lívia San Marco. 1965. No Teatro Municipal do Rio de Janeiro dirigiu uma rápida temporada de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com novo elenco mas que não teve a mesma repercussão do espetáculo paulista de 1958. elenovelas qui termina a carreira teatral de Sérgio e se inicia uma nova fase de sua vida: a de ator de telenovelas. O convite partiu de Cassiano Gabus Mendes, diretor da extinta TV Tupi, para que participasse, ao lado de Fernanda Montenegro, de O Sorriso de Helena. O papel era de um galã... “Galã de novela”! Imagino com que sarcasmo tenha repetido essa frase! Não era seu mundo. Não era o mundo de “Gente de Teatro”, e no entanto foi lá que ele se realizou... Não: “realizou” não é o termo adequado. Talvez devesse dizer que foi lá que ele reencontrou a fama, a popularidade dos primeiros tempos de teatro. Agora em nível nacional. A televisão lhe deu notoriedade e dinheiro. Ele, por sua vez, deu à televisão uma seriedade, uma busca interior, uma paixão pelos detalhes, que enriqueceriam as telenovelas. pós certa relutância, aceita o convite de Cassiano, mas com a condição de que, se não ficasse satisfeito com o resultado, o personagem seria suprimido e ele sairia da novela. Na época, havia certa prevenção por parte dos atores de teatro em se apresentarem em um tipo de trabalho que consideravam inferior. Além do mais, os textos originais eram mexicanos e aqui eram traduzidos e adaptados, o que colaborava para torná-los pouco verossímeis. O adaptador foi Walter George Durst, e a direção ficou a cargo de Geraldo Vietri. O sucesso inesperado de Sérgio -considerado um ator eminentemente teatral -fez não só que ele continuasse na novela, mas que em seguida interpretasse outras duas: O Cara Suja e O Preço de uma Vida. Pelas três recebeu: Troféu Imprensa de Melhor Ator de 1965 Prêmio Roquete Pinto de Melhor Teleator Troféu do jornal O Globo por Interpretação Teatral Troféu Coringa Ídolos da Televisão 65 como Melhor Ator Prêmio Governador do Estado para Melhor Ator em Televisão várias homenagens de cidades do Interior do Estado, faixas, estatuetas e placas de prata. Após os últimos cinco anos, em que nada em teatro parecia ter dado certo, o reencontro com o sucesso e a popularidade do começo de sua carreira foi-lhe proporcionado justamente pela Televisão. Cara Suja, originalmente chamado El Galleguito de Cara Sucia, foi transformado em um italiano do sul, com sotaque e cabelos encaracolados. O par de Sérgio era Rita Cléos. O acompanhamento musical era de Uccio Gaeta, que popularizou duas canções em italiano: Se Piangi, Se Ridi, de Satti, Marchettii e Gogol, e Biondina, do próprio Uccio. Sérgio acabou gravando as duas num compacto simples. Preço de uma Vida, original cubano, dirigido por Henrique Martins, ofereceu-lhe a possibilidade de criar um tipo monstruoso: o Dr. Valcour, cego de um olho e corcunda. Foi o primeiro a usar uma lente de contato completamente branca, que causava uma impressão terrível no vídeo, mas despertou o maior entusiasmo no público telespectador. Sérgio havia se transformado em ídolo do grande público; sua popularidade aumentava em nível nacional. Contracenava na ocasião com uma jovem estreante, aluna de colégio. Era Nívea Maria. Com um retrato e um bus-to, ambos inspirados pelo Dr. Valcour m seguida fez Calúnia, original argentino, adaptado por Talma de Oliveira, e dirigido por Wanda Kosmo. O papel era de um homem grosseiro do interior. Contracenava com Fernanda Montenegro, mas, apesar dos dois atores, não foi um sucesso. Prêmio Governador do Estado para Melhor Ator de Televisão de 1966 eio em seguida Somos Todos Irmãos, adaptação de Benedito Ruy Barbosa do livro A Vingança do Judeu, de R.W. Rochester, dirigido por Wanda Kosmo, que teve grande aceitação. A atriz Rosamaria Murtinho foi seu par. Para a nova criação usava lentes de contato azuis, que modificavam inteiramente sua expressão. Anjo e o Vagabundo foi a primeira novela brasileira que ele protagonizou. De autoria de Benedito Ruy Barbosa, foi dirigida por Geraldo Vietri e Wanda Kosmo. Trabalhou novamente com Rosamaria Murtinho, vivendo o papel de um médico que se transforma em mendigo. Outro sucesso. Paixão Proibida, de Janete Clair, novamente reuniu Sérgio e Rosamaria, dirigidos por Geraldo Vietri. Um desastre automobilístico afastou Sérgio da televisão durante alguns meses. Sofreu duas operações, pois o lado direito do rosto havia afundado com a colisão. Abaixo, em O Anjo e o Vagabundo. Ao lado, pôster de Somos Todos Irmãos, autografado pelo elenco. m 1968 A Globo chamou Sérgio para atuar em O Santo Mestiço, original da cubana Glória Magadan, dirigido por David Grindberg. Tratava-se da vida do primeiro santo sul-americano canonizado pelo Papa: San Martin Porres. O texto era péssimo e a novela foi um fracasso total. érgio então voltou para a TV Tupi, onde o aguardava um persona-gem que seria o seu maior sucesso: Antônio Maria. esta vez ele seria um português muito fino, falando com sotaque lusitano, que se oferece como motorista numa casa brasileira de classe média alta. Um bigode preto foi sua única caracterização. Texto de Geraldo Vietri, a partir de uma sinopse do próprio Sérgio. Contracenou dessa vez com Aracy Balabanian. Na novela declamava versos de Camões e de outros autores. No disco que foi lançado pela emissora ele gravou quatro faixas: duas com poesias e duas cantando fados. aschoal Carlos Magno contou que um dia, ao sair com Sérgio, uma senhora que passava pela rua se aproximou deles e, emocionada, chamando-o Antônio pediu-lhe um autógrafo. Sérgio gentilmente – como atendia a todos os fãs – assinou: “Antonio Maria”. E acrescentou com um sorriso irônico e meio triste: “Ex-Sérgio Cardoso”. A novela se tornou o maior êxito de Sérgio, não somente no Brasil, mas até em Portugal. Condecorado com o título de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, foi convidado a ir a Lisboa onde foi recebido pelo Primeiro-Ministro Marcelo Caetano. Claro que Sérgio não poderia deixar de visitar o túmulo de Camões... Além das telenovelas, tomou parte, na TV Excelsior, de Os Caminhos da Medicina e do Teatro Brastemp. E na TV Paulista, de Porque me Orgulho de meu País. A TV Globo convidou Sérgio para A Cabana do Pai Tomás, adaptada por Hedy Maia do romance de Harriet B. Stowe. Sér-gio que sempre quisera interpretar um negro, aceitou. Iniciaram-se as gravações, mas o prédio, na Rua Sebastião Pereira, pegou fogo e todos os cenários se queimaram. Por isso, foi preciso transferir-se para o Rio de Janeiro. Sérgio trabalhou incessantemente, chegando até a dormir no estúdio. Ajudou na montagem e chegou até a escrever alguns capítulos. As gravações continuaram e ele passou a interpretar três papéis. Num deles, o do Presidente Lincoln, a semelhança que conseguiu através da maquiagem, é espantosa. Contracenava com Ruth de Souza. A Próxima Atração, de Walter Negrão, veio em seguida, dirigida por Régis Cardoso. Sérgio interpretava um papel de galã mais maduro, com sotaque de gaúcho. Em Pigmalião 70 -inspirada na lenda grega de Pigmalião e Galatéia – ele era um feirante por quem a moça grã-fina - Tônia Carrero - se interessa e que resolve modificá-lo, para ganhar uma aposta. Novela alegre, conquistou o público. A direção foi novamente de Régis Cardoso. Participou de muitos Casos Especiais. O mais importante foi O Médico e o Monstro, tirado do célebre livro de Bernard Stevenson, Dr. Jekyll and Mr. Hyde. A direção foi de Ziembinski. Participou ainda da novela Assim na Terra como no Céu, de Dias Gomes, com direção de Walter Campos. Com Tônia Carrero, em Pigmaleão 70 Primeiro Amor foi o seu último trabalho. Trabalho que não pôde terminar. Na tarde de 18 de agosto, vitimado por um ataque cardíaco, faleceu em seu apartamento no Leblon. A novela, com Rosamaria Murtinho, Marco Nanini e os outros filhos, continuou com Leonardo Villar, grande amigo e padrinho de nossa filha Sylvia, substituindo Sérgio. presença de Sérgio Cardoso no cinema brasileiro foi pequena. O primeiro filme, O Incêndio, não chegou ao fim, por falta de dinheiro. Mas serviu para um fato muito importante: foi de madrugada, ao voltarmos a pé das filmagens no Bixiga, que descobrimos o Cine Teatro Espéria, velho casarão abandonado, escondido atrás de um tapume. ua participação no filme Ângela, como um maestro regente, acabou sendo eliminada na montagem final. Madona de Cedro, baseado num romance de Antônio Calado e dirigido por Carlos Coimbra, foi filmado nos meses em que se restabelecia do desastre automobilístico. O personagem disforme não foi prejudicado pelas cicatrizes. Contracenava com Cleyde Yaconis, Leila Diniz e Ziembinski. m Os Herdeiros, argumento de Arnaldo Jabor e direção de Cacá Diegues, vivia o papel de um chefe político da era getulista. Com Mário Lago e Odete Lara. utras Atividades sboço do retrato de Hamlet, realizado pelo pintor Manuel Constantino, no Rio de Janeiro. O quadro ficou exposto na galeria do Teatro Bela Vista e, após a morte de Sérgio, foi entregue a Paschoal Carlos Magno que o colocou na Aldeia de Arcozelo, uma espécie de pousada para estudantes de teatro. Agora está no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. urante sua curta carreira, que durou apenas 24 anos, ele foi ator de teatro, cinema e televisão, diretor, produtor, cenógrafo, figurinista, aderecista, iluminador, tradutor, professor de maquiagem, autor de textos para televisão, escritor de textos teatrais, conferencista. emos uma adaptação teatral de Brás Cubas, de Machado de Assis, inacabada; e uma grande quantidade de adaptações para TV, entre as quais Hamlet, em formato de telenovela, e Os Inconfidentes, e vários teleteatros: A Marquesa de Santos, Lady Hamilton, Obsessão, Iracema, de José de Alencar, e muitos outros. Prêmios e Títulos Bacharel pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Diploma para Maior Revelação de Ator de 1948, da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, pela interpretação de Hamlet, de Shakespeare. Prêmio Maior Ator Cômico de 1954 da Prefeitura do Distrito Federal, pela interpretação de Esopo (A Raposa e as Uvas) e de Jaquot (A Canção Dentro do Pão). Prêmio Governador do Estado de São Paulo para Melhor Diretor de 1954 (A Canção Dentro do Pão). Sacy de O Estado de S. Paulo para Melhor Ator de 1954 (A Raposa e as Uvas e Canção dentro do Pão). Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais para Personalidade Teatral de 1956 (Inauguração do Teatro Bela vista, direção e interpretação de Hamlet). Prêmio Governador do Estado de São Paulo para Melhor Ator de 1956, pela interpretação de Hamlet. Sacy especial de O Estado de S. Paulo pelas realizações do Teatro Bela Vista no ano de 1956. Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais para Melhor Diretor de 1957 (Chá e Simpatia). Prêmio Governador do Estado de São Paulo para Melhor Ator de 1956, pela interpretação de Henrique IV. Sacy de O Estado de S. Paulo para Melhor Diretor de 1957 (Chá e Simpatia). Sacy de O Estado de S. Paulo para Melhor Ator de 1957 (Henrique IV). Prêmio Maior Ator Dramático de 1958 da Prefeitura do Distrito Federal (A Raposa e as Uvas). Medalha de Ouro de A Gazeta para O Ator mais Popular de São Paulo em 1959. Prêmio Governador do Estado de São Paulo para Melhor Ator de Televisão em 1965 e 1966. Troféu Roquete Pinto para Melhor Ator de Televisão. Troféu Imprensa para Melhor Ator de Televisão. Recebeu o título de Cidadão Honorário de várias cidades do Brasil. Recebeu o título de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique do Governo Português, pela novela Antonio Maria. o dia 18 de agosto de 1972, falecia, em sua casa, vitimado por um enfarte fulminante. Estava se preparando para voltar ao Teatro. Havia escrito o texto Sérgio Cardoso em Prosa e Verso, com o qual iria viajar por todo o Brasil. Não houve tempo. Estava tudo pronto: a roupa, pendurada no armário, as cidades já contatadas, o texto decorado. Ele costumava gravá-lo em cassete e ouvi-lo enquanto descansava deitado na água quente, na banheira de seu apartamento no Leblon. Foi encontrado caído no chão, a fita tocando ainda... Ao seu enterro compareceram mais de 15 mil pessoas: amigos, parentes, colegas e público de televisão. Alguns ávidos por ver, por estar lá, perto de seus ídolos e pedir autógrafos. Outros, chorando emocionados, relembrando as personagens que lhes haviam trazido alegrias e emoções. Era o seu público das telenovelas; conheciam o Dr. Valcour, o feirante de cabelos encaracolados, o negro Tomás, mas nunca tinham ouvido falar no Hamlet, no Esopo, no Lampião, em todas as figuras a que tinha dado vida nos palcos do Brasil. No domingo estivera no programa de Sílvio Santos, em São Paulo. Iria declamar o Cântico Negro, de José Regio. De repente, sentiu-se muito mal. Queriam suspender a apresentação, chamaram um médico, mas ele sorriu e disse: Um ator morre em sua trincheira. Levantou-se com esforço e declamou com toda a emoção o poema do poeta português. Foi sua última apresentação em público. Boa Noite, Amável Príncipe Sérgio Cardoso viveu com uma intensidade além das forças humanas, multiplicando-se em personagens e dando a cada uma parcelas de vidas tiradas de seu próprio coração. Não espanta que esse tenha esgotado tão cedo as suas energias. A notícia de sua morte foi surpreendente para tantos amigos e admiradores. Teve, no entanto, a lógica de um fim previsível em quem dava à sua arte tão alta contribuição de inteligência e amor. Austragésilo de Athayde Quem era Sérgio? Era seus personagens. Criava-os desde o nascimento, incorporava-os durante as representações, eternamente em busca da perfeição. Só os abandonava ao fechar-se o pano na última noite do espetáculo. Entregava-se a eles de alma e corpo, desgastava-se até o limite máximo da resistência física e mental. Até a exaustão. Até a morte. Nydia No final do espetáculo, fui levada até a coxia, onde o encontrei depois de representar o Esopo, em A Raposa e as Uvas. Estava vestido com trapos, a maquiagem pesada escorria pela face, tinha o ar cansado e um brilho todo especial no olhar. Eu era criança e fiquei muito assustada. Esta é a primeira lembrança do ator Sérgio Cardoso, meu pai. Pude acompanhá-lo em outras ocasiões, vê-lo ao final de outros espetáculos e gravações, com o mesmo brilho nos olhos. Nesses momentos, ele era uma pessoa especial, diferente. Fora do ambiente de teatro e TV, era outro. Gostava de ficar em casa, onde sempre tinha animais exóticos, como macacos, araras e até cobras, a recordar-lhe a infância no Pará. No Rio, organizava almoços, para os quais convidava minha avó Esther e minha tia Julieta, além de colegas de trabalho. Tinha uma rara habilidade de prender a atenção dos convidados com suas histórias. Gostava de ir ao cinema e de andar, de jogar cartas e de conversar. Ensinou-me a gostar de ler e de aprender. Nossos encontros eram caracterizados por muitas idas a museus, viagens a Petrópolis, Paquetá, Guarujá (para comer caranguejos) e muitos, muitos passeios a pé. Nesses raros momentos, era uma pessoa comum. Meu pai. Sylvia Após 30 anos de sua morte, escreveu Mariangela Alves Lima em O Estado de S. Paulo: O prestígio que alcançou como ídolo de um meio de comunicação de massa teve, na contraface, a mágoa velada que o teatro sentiu - e ainda sente - por não ter conseguido manter em suas fileiras, um dos seus homens mais talentosos. (18/8/2002) Cronologia Profissional Anterior a 1945 Vítima do Dever (O escrivão) Diretor: Pe. Moutinho Colégio Santo Inácio Satã (Isaac, o agiota) Diretor: Pe. Moutinho Colégio Santo Inácio Quem Deu o Pontapé? (o farmacêutico) Diretor: Pe. Moutinho Colégio Santo Inácio Os Holandeses no Brasil, do Pe. José Solari (Sebastião de Carvalho) Diretor: Dr. Rubens Padin 1945 Romeu e Julieta, de Shakespeare (Teobaldo) Diretora: Esther Leão Teatro Universitário 1948 Hamlet, Príncipe da Dinamarca, de Shakespeare (Hamlet) Diretor: Hoffmann Harnisch Teatro do Estudante do Brasil A Família e a Festa na Roça, de Martins Pena (Inacinho) Diretora: Dulcina de Morais Serviço Nacional de Teatro 1949 Hamlet, Príncipe da Dinamarca, de Shakespeare (Hamlet) Diretor: Hoffmann Harnisch Cenógrafo e Figurinista: Sérgio Cardoso Teatro dos Doze Arlequim, Servidor de Dois Amos, de Goldoni (Arlequim) Diretor: Ruggero Jacobbi Teatro dos Doze Tragédia em Nova York, de Maxwell Anderson (Mio Romagna) Diretor: Ruggero Jacobbi Teatro dos Doze Simbita e o Dragão, de Lúcia Benedetti (Simbita) Diretor: Ruggero Jacobbi Cenógrafo e Figurinista: Sérgio Cardoso Teatro dos Doze O Mentiroso, de Goldoni (Lélio dos Bisonhos) Diretor: Ruggero Jacobbi Teatro Brasileiro de Comédia 1950 Simbita e o Dragão, de Lúcia Benedetti (Simbita) Produção: Raul Roulien Secretaria da Educação e Cultura do Estado de São Paulo Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre (Joseph Garcin) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Pedido de Casamento, de Anton Tchecov (Lomov) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Os Filhos de Eduardo, de Sauvajon (Jan Latzaresko) Diretores: Cacilda Becker e Ruggero Jacobbi Teatro Brasileiro de Comédia A Ronda dos Malandros, de John Gay (Capitão Mac Heath) Diretor: Ruggero Jacobbi Teatro Brasileiro de Comédia A Importância de Ser Prudente, de Oscar Wilde (Prudente Worthing) Diretor: Luciano Salce Teatro Brasileiro de Comédia Anjo de Pedra, de Tennessee Williams (Archie Kramer) Diretor: Luciano Salce Teatro Brasileiro de Comédia O Homem da Flor na Boca, de Pirandello (homem da flor na boca) Diretor: Ziembinski Teatro Brasileiro de Comédia Do Mundo Nada se Leva, de Kaufman e Hart (Tony Kirby) Diretor: Luciano Salce Teatro Brasileiro de Comédia O Inventor do Cavalo, de Achille Campanile (o Poeta Maledetto) Diretor: Luciano Salce Cenógrafo e Figurinista: Sérgio Cardoso Teatro Brasileiro de Comédia 1951 Seis Personagens à Procura de um Autor, de Pirandello (o Pai) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Convite ao Baile, de Anouilh (Horácio e Frederico - gêmeos) Diretor: Luciano Salce Teatro Brasileiro de Comédia Arsênico e Alfazema, de Kesselring (Reverendo Harper) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Ralé, de Máximo Gorki (o Ator) Diretor: Flamínio Bollini Cerri Teatro Brasileiro de Comédia Diálogo de Surdos, de Clô Prado (Juvenal) Diretor: Flamínio Bollini Cerri Teatro Brasileiro de Comédia O Mentiroso, de Goldoni (Lélio dos Bisonhos) Diretor: Ruggero Jacobbi Teatro Brasileiro de Comédia Inimigos Íntimos, de Barillet e Grédy (Alexandre) Diretor: Luciano Salce Teatro Brasileiro de Comédia Antígone, de Sófocles (O mensageiro) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Antígone, de Anouilh (O mensageiro) Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Vá com Deus, de Murray e Boretz (Gordon Miller) Diretor: Flamínio Bollini Cerri Teatro Brasileiro de Comédia 1953 A Falecida, de Nelson Rodrigues (Tuninho) Diretor: José Maria Monteiro Companhia Dramática Nacional A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo (Esopo) Diretora: Bibi Ferreira Companhia Dramática Nacional A Canção Dentro do Pão, de Raimundo Magalhães Jr. (Jacquot) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Dramática Nacional Improviso, de diversos autores Direção, cenografia e figurinos dos intérpretes: Tônia Carrero, Elizabeth Henreid, Paulo Autran, Ruy Afonso e Sérgio Cardoso Teatro Íntimo Nicete Bruno A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas (Cardeal de Montmorency) Diretora: Bibi Ferreira Comédia Municipal 1954 Um Personagem no Ar e Romance Produção, direção e interpretação: Sérgio Cardoso Televisão Record de São Paulo Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias Diretor: Adolfo Celi Teatro Brasileiro de Comédia Hécuba, de Eurípedes (Hécuba) Diretor: Paschoal Carlos Magno Teatro do Estudante do Brasil A Filha de Iório, de Gabriele D’Annunzio (Aligi) Diretor: Ruggero Jacobbi Comissão do IV Centenário de São Paulo Lampião, de Rachel de Queiróz (Virgulino Ferreira, o Lampião) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Sinhá Moça Chorou, de Ernani Fornari (Leocádio) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas (Cardeal de Montmorency) Espetáculo televisionado pela TV Record de São Paulo, respeitando-se a direção original de Bibi Ferreira. 1955 O Homem da Flor na Boca, de Pirandello (homem da flor na boca) Diretor: Ziembinski Pen Club do Rio de Janeiro Tv Tupi de São Paulo A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas (Cardeal de Montmorency) Espetáculo televisionado pela TV Tupi de São Paulo, respeitando-se a direção original de Bibi Ferreira. Grande Teatro Royal (série de programas, encenando novelas e contos) Diretor: Ruggero Jacobbi Produção: Cacilda Becker Televisão Record de São Paulo A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas (Cardeal de Montmorency) Diretora: Bibi Ferreira Companhia Jayme Costa Cor de Rosa – Teatro Cacilda Becker (série de programas encenando peças cômicas e românticas) Diretor: Ruggero Jaccobi Televisão Record de São Paulo Toi et Moi (Apresentação diária de uma poesia do livro Toi et Moi, de Paul Geraldy) Televisão Record de São Paulo 1956 Hamlet, Príncipe da Dinamarca, de Shakespeare (Hamlet) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Quando as Paredes Falam, de Ferenc Molnar (Turay) Diretor: Ruggero Jaccobi Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo (Esopo) Diretora: Bibi Ferreira Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso 1957 O Comício, de Abílio Pereira de Almeida (Amim Farah Filho) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Chá e Simpatia, de Robert Anderson Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Henrique IV, de Pirandello (Henrique IV) Diretor: Ruggero Jaccobi Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Três Anjos sem Asas, de Albert Husson (Júlio) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso 1958 O Casamento Suspeitoso, de Ariano Suassuna (Cancão) Diretor: Hermilo Borba Filho Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Uma Cama para Três, Claude Magnier (Cláudio Masure) Diretor e Cenógrafo: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Amor sem Despedida, de Daphne du Maurier (Ivan) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues Diretor e Cenógrafo: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso 1959 Nu, com Violino, de Noel Coward (Sebastien) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Trio (três peças em um ato) Antes do Café, de Eugene O’Neill O Homem da Flor na Boca, de Pirandello (o homem da flor na boca) Lembranças de Berta, de Tennessee Williams Diretor e Cenógrafo: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Sexy, de Vicente Catalano (Leopoldo) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso O Soldado Tanaka, de Georg Kaiser (Tanaka) Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Huguie, de Eugene O’Neill (Huguie) Diretor: Sérgio Cardoso V Bienal Internacional de São Paulo 1960 Quando as Paredes Falam, de Ferenc Molnar (Turay) Companhia Nydia Licia - Sérgio Cardoso Sexy, de Vicente Catalano Uma Cama para Três, Claude Magnier A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo O Homem da Flor na Boca, de Pirandello Companhia Sérgio Cardoso 1961 Um Estranho Bate à Porta Diretor: Sérgio Cardoso Companhia Morineau Calígula, de Albert Camus (Calígula) Diretor: Martim Gonçalves Escola de Teatro da Bahia 1962 Os Caminhos da Medicina (Personagens diversos) Televisão Excelsior de São Paulo Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare Diretor: Sérgio Cardoso Clube Hebraica Calígula, de Albert Camus (Calígula) Diretor: Sérgio Cardoso SAJE – Sociedade de Auxílio à Juventude Estudantil A Terceira Pessoa, de Andrew Rosenthal (Kip) Diretor: Walmor Chagas Teatro Cacilda Becker A Visita da Velha Senhora, de Dürrenmatt (Schill) Diretor: Walmor Chagas Teatro Cacilda Becker 1964 Gog e Magog, de Mac Dougall e Ted Allan (Júlio e Davi) Diretor: Alberto D’Aversa Teatro Brasileiro de Comédia O Resto é Silêncio, coletânea de monólogos de Shakespeare Diretor: Sérgio Cardoso Vinte e cinco personagens diferentes: Ricardo III, Henrique V, Jaques, Macbeth, Otelo, Timão de Atenas, Mercúrio, Rei Lear, Coriolano, Volúmnia, Cássio, Casca, Bruto, Décio, Júlio César, Marco Antônio, o bobo, Lourenço, Hamlet, Horácio. TV Tupi de São Paulo 1966 Calúnia, de Talma de Oliveira (Guilherme) Diretora: Wanda Kosmo Televisão Tupi de São Paulo O Anjo e o Vagabundo, de Benedito Rui Barbosa (o mendigo) Diretor: Geraldo Vietri e Wanda Kosmo Televisão Tupi de São Paulo Somos Todos Irmãos, Adaptação: Benedito Rui Barbosa, do livro de R.W. Rochester (Samuel) Diretora: Wanda Kosmo Televisão Tupi de São Paulo 1967 A Madona de Cedro, filme (O Sacristão) Diretor: Carlos Coimbra O Santo Mestiço, de San Martin de Lima (Padre Ramiro) Adaptação: Glória Magadan Diretor: David Grimberg Rede Globo de Televisão Antonio Maria, de Geraldo Vietri (Antonio Maria) Diretor: Geraldo Vietri Televisão Tupi de São Paulo 1969 A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe (Pai Tomás, Abraham Lincoln e Dimitrios) Adaptação: Hedy Maia Diretor: Fábio Sabag Rede Globo de Televisão 1970 Os Herdeiros, filme (Chefe político da época getulista) Diretor: Cacá Diegues Argumento: Arnaldo Jabor Produtores: Luis Carlos Barreto e Jarbas Barbosa Roteiro: Davi Neves A Próxima Atração, de Walter Negrão (O gaúcho) Diretor: Régis Cardoso Rede Globo de Televisão Assim na Terra como no Céu, de Dias Gomes Diretor: Walter Campos Rede Globo de Televisão Pigmalião 70, de Vicente Sesso (Nando -o feirante) Diretor: Régis Cardoso Rede Globo de Televisão 1972 O Primeiro Amor, de Walter Negrão (Professor Luciano) Diretor: Régis Cardoso Rede Globo de Televisão Índice Apresentação – José Serra 5 Coleção Aplauso – Hubert Alquéres 7 Apresentação – Maria Thereza Vargas 9 Sérgio Cardoso, por Nydia Licia 15 Cronologia Profissional 155 Créditos fotográficos Todas as fotografias utilizadas neste volume fazem parte do acervo pessoal da família de Sérgio Cardoso. Entre os fotógrafos destacam-se Fredi Kleemann, Carlos (do Rio de Janeiro), Hejo, Julio Agostinelli, Marcelo Pestana e Carlos Cirne, entre outros. Agradecemos à TV Globo a utilização das imagens de Sérgio Cardoso em personagens de suas novelas. A presente obra conta com diversas fotos, grande parte de autoria identificada e, desta forma, devidamente creditada. Contudo, a despeito dos enormes esforços de pesquisa empreendidos, uma parte das fotografias ora disponibilizadas não é de autoria conhecida de seus organizadores, fazendo parte do acervo pessoal do biografado. Qualquer informação neste sentido será bemvinda, por meio de contato com a editora desta obra (livros@imprensaoficial.com.br/ Grande São Paulo SAC 11 5013 5108 | 5109 / Demais localidades 0800 0123 401), para que a autoria das fotografias porventura identificadas seja devidamente creditada. Coleção Aplauso Série Cinema Brasil Alain Fresnot – Um Cineasta sem Alma Alain Fresnot Agostinho Martins Pereira – Um Idealista Máximo Barro O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias Roteiro de Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger Anselmo Duarte – O Homem da Palma de Ouro Luiz Carlos Merten Antonio Carlos da Fontoura – Espelho da Alma Rodrigo Murat Ary Fernandes – Sua Fascinante História Antônio Leão da Silva Neto O Bandido da Luz Vermelha Roteiro de Rogério Sganzerla Batismo de Sangue Roteiro de Dani Patarra e Helvécio Ratton Bens Confiscados Roteiro comentado pelos seus autores Daniel Chaia e Carlos Reichenbach Braz Chediak – Fragmentos de uma vida Sérgio Rodrigo Reis Cabra-Cega Roteiro de Di Moretti, comentado por Toni Venturi e Ricardo Kauffman O Caçador de Diamantes Roteiro de Vittorio Capellaro, comentado por Máximo Barro Carlos Coimbra – Um Homem Raro Luiz Carlos Merten Carlos Reichenbach – O Cinema Como Razão de Viver Marcelo Lyra A Cartomante Roteiro comentado por seu autor Wagner de Assis Casa de Meninas Romance original e roteiro de Inácio Araújo O Caso dos Irmãos Naves Roteiro de Jean-Claude Bernardet e Luis Sérgio Person O Céu de Suely Roteiro de Karim Aïnouz, Felipe Bragança e Maurício Zacharias Chega de Saudade Roteiro de Luiz Bolognesi Cidade dos Homens Roteiro de Elena Soárez Como Fazer um Filme de Amor Roteiro escrito e comentado por Luiz Moura e José Roberto Torero Críticas de Edmar Pereira – Razão e Sensibilidade Org. Luiz Carlos Merten Críticas de Jairo Ferreira – Críticas de invenção: Os Anos do São Paulo Shimbun Org. Alessandro Gamo Críticas de Luiz Geraldo de Miranda Leão – Analisando Cinema: Críticas de LG Org. Aurora Miranda Leão Críticas de Ruben Biáfora – A Coragem de Ser Org. Carlos M. Motta e José Júlio Spiewak De Passagem Roteiro de Cláudio Yosida e Direção de Ricardo Elias Desmundo Roteiro de Alain Fresnot, Anna Muylaert e Sabina Anzuategui Djalma Limongi Batista – Livre Pensador Marcel Nadale Dogma Feijoada: O Cinema Negro Brasileiro Jeferson De Dois Córregos Roteiro de Carlos Reichenbach A Dona da História Roteiro de João Falcão, João Emanuel Carneiro e Daniel Filho Os 12 Trabalhos Roteiro de Cláudio Yosida e Ricardo Elias Estômago Roteiro de Lusa Silvestre, Marcos Jorge e Cláudia da Natividade Fernando Meirelles – Biografia Prematura Maria do Rosário Caetano Fim da Linha Roteiro de Gustavo Steinberg e Guilherme Werneck; Storyboards de Fábio Moon e Gabriel Bá Fome de Bola – Cinema e Futebol no Brasil Luiz Zanin Oricchio Geraldo Moraes – O Cineasta do Interior Klecius Henrique Guilherme de Almeida Prado – Um Cineasta Cinéfilo Luiz Zanin Oricchio Helvécio Ratton – O Cinema Além das Montanhas Pablo Villaça O Homem que Virou Suco Roteiro de João Batista de Andrade, organização de Ariane Abdallah e Newton Cannito Ivan Cardoso – O Mestre do Terrir Remier João Batista de Andrade – Alguma Solidão e Muitas Histórias Maria do Rosário Caetano Jorge Bodanzky – O Homem com a Câmera Carlos Alberto Mattos José Antonio Garcia – Em Busca da Alma Feminina Marcel Nadale José Carlos Burle – Drama na Chanchada Máximo Barro Liberdade de Imprensa – O Cinema de Intervenção Renata Fortes e João Batista de Andrade Luiz Carlos Lacerda – Prazer & Cinema Alfredo Sternheim Maurice Capovilla – A Imagem Crítica Carlos Alberto Mattos Mauro Alice – Um Operário do Filme Sheila Schvarzman Miguel Borges – Um Lobisomem Sai da Sombra Antônio Leão da Silva Neto Não por Acaso Roteiro de Philippe Barcinski, Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo Narradores de Javé Roteiro de Eliane Caffé e Luís Alberto de Abreu Onde Andará Dulce Veiga Roteiro de Guilherme de Almeida Prado Orlando Senna – O Homem da Montanha Hermes Leal Pedro Jorge de Castro – O Calor da Tela Rogério Menezes Quanto Vale ou É por Quilo Roteiro de Eduardo Benaim, Newton Cannito e Sergio Bianchi Ricardo Pinto e Silva – Rir ou Chorar Rodrigo Capella Rodolfo Nanni – Um Realizador Persistente Neusa Barbosa O Signo da Cidade Roteiro de Bruna Lombardi Ugo Giorgetti – O Sonho Intacto Rosane Pavam Vladimir Carvalho – Pedras na Lua e Pelejas no Planalto Carlos Alberto Mattos Viva-Voz Roteiro de Márcio Alemão Zuzu Angel Roteiro de Marcos Bernstein e Sergio Rezende Série Cinema Bastidores – Um Outro Lado do Cinema Elaine Guerini Série Ciência & Tecnologia Cinema Digital – Um Novo Começo? Luiz Gonzaga Assis de Luca Série Crônicas Crônicas de Maria Lúcia Dahl – O Quebra-cabeças Maria Lúcia Dahl Série Dança Rodrigo Pederneiras e o Grupo Corpo – Dança Universal Sérgio Rodrigo Reis Série Teatro Brasil Alcides Nogueira – Alma de Cetim Tuna Dwek Antenor Pimenta – Circo e Poesia Danielle Pimenta Cia de Teatro Os Satyros – Um Palco Visceral Alberto Guzik Críticas de Clóvis Garcia – A Crítica Como Oficio Org. Carmelinda Guimarães Críticas de Maria Lucia Candeias – Duas Tábuas e Uma Paixão Org. José Simões de Almeida Júnior João Bethencourt – O Locatário da Comédia Rodrigo Murat Leilah Assumpção – A Consciência da Mulher Eliana Pace Luís Alberto de Abreu – Até a Última Sílaba Adélia Nicolete Maurice Vaneau – Artista Múltiplo Leila Corrêa Renata Palottini – Cumprimenta e Pede Passagem Rita Ribeiro Guimarães Teatro Brasileiro de Comédia – Eu Vivi o TBC Nydia Licia O Teatro de Alcides Nogueira – Trilogia: Ópera Joyce – Gertrude Stein, Alice Toklas & Pablo Picasso – Pólvora e Poesia Alcides Nogueira O Teatro de Ivam Cabral – Quatro textos para um teatro veloz: Faz de Conta que tem Sol lá Fora – Os Cantos de Maldoror – De Profundis – A Herança do Teatro Ivam Cabral O Teatro de Noemi Marinho: Fulaninha e Dona Coisa, Homeless, Cor de Chá, Plantonista Vilma Noemi Marinho Teatro de Revista em São Paulo – De Pernas para o Ar Neyde Veneziano O Teatro de Samir Yazbek: A Entrevista – O Fingidor – A Terra Prometida Samir Yazbek Teresa Aguiar e o Grupo Rotunda – Quatro Décadas em Cena Ariane Porto Série Perfil Aracy Balabanian – Nunca Fui Anjo Tania Carvalho Arllete Montenegro – Fé, Amor e Emoção Alfredo Sternheim Ary Fontoura – Entre Rios e Janeiros Rogério Menezes Bete Mendes – O Cão e a Rosa Rogério Menezes Betty Faria – Rebelde por Natureza Tania Carvalho Carla Camurati – Luz Natural Carlos Alberto Mattos Celso Nunes – Sem Amarras Eliana Rocha Cleyde Yaconis – Dama Discreta Vilmar Ledesma David Cardoso – Persistência e Paixão Alfredo Sternheim Denise Del Vecchio – Memórias da Lua Tuna Dwek Elisabeth Hartmann – A Sarah dos Pampas Reinaldo Braga Emiliano Queiroz – Na Sobremesa da Vida Maria Leticia Etty Fraser – Virada Pra Lua Vilmar Ledesma Ewerton de Castro – Minha Vida na Arte: Memória e Poética Reni Cardoso Geórgia Gomide – Uma Atriz Brasileira Eliana Pace Gianfrancesco Guarnieri – Um Grito Solto no Ar Sérgio Roveri Glauco Mirko Laurelli – Um Artesão do Cinema Maria Angela de Jesus Ilka Soares – A Bela da Tela Wagner de Assis Irene Ravache – Caçadora de Emoções Tania Carvalho Irene Stefania – Arte e Psicoterapia Germano Pereira Isabel Ribeiro – Iluminada Luis Sergio Lima e Silva Joana Fomm – Momento de Decisão Vilmar Ledesma John Herbert – Um Gentleman no Palco e na Vida Neusa Barbosa Jonas Bloch – O Ofício de uma Paixão Nilu Lebert José Dumont – Do Cordel às Telas Klecius Henrique Leonardo Villar – Garra e Paixão Nydia Licia Lília Cabral – Descobrindo Lília Cabral Analu Ribeiro Lolita Rodrigues – De Carne e Osso Eliana Castro Louise Cardoso – A Mulher do Barbosa Vilmar Ledesma Marcos Caruso – Um Obstinado Eliana Rocha Maria Adelaide Amaral – A Emoção Libertária Tuna Dwek Marisa Prado – A Estrela, O Mistério Luiz Carlos Lisboa Miriam Mehler – Sensibilidade e Paixão Vilmar Ledesma Nicette Bruno e Paulo Goulart – Tudo em Família Elaine Guerrini Nívea Maria – Uma Atriz Real Mauro Alencar e Eliana Pace Niza de Castro Tank – Niza, Apesar das Outras Sara Lopes Paulo Betti – Na Carreira de um Sonhador Teté Ribeiro Paulo José – Memórias Substantivas Tania Carvalho Pedro Paulo Rangel – O Samba e o Fado Tania Carvalho Regina Braga – Talento é um Aprendizado Marta Góes Reginaldo Faria – O Solo de Um Inquieto Wagner de Assis Renata Fronzi – Chorar de Rir Wagner de Assis Renato Borghi – Borghi em Revista Élcio Nogueira Seixas Renato Consorte – Contestador por Índole Eliana Pace Rolando Boldrin – Palco Brasil Ieda de Abreu Rosamaria Murtinho – Simples Magia Tania Carvalho Rubens de Falco – Um Internacional Ator Brasileiro Nydia Licia Ruth de Souza – Estrela Negra Maria Ângela de Jesus Sérgio Hingst – Um Ator de Cinema Máximo Barro Sérgio Viotti – O Cavalheiro das Artes Nilu Lebert Silvio de Abreu – Um Homem de Sorte Vilmar Ledesma Sônia Guedes – Chá das Cinco Adélia Nicolete Sonia Maria Dorce – A Queridinha do meu Bairro Sonia Maria Dorce Armonia Sonia Oiticica – Uma Atriz Rodrigueana? Maria Thereza Vargas Suely Franco – A Alegria de Representar Alfredo Sternheim Tatiana Belinky – ... E Quem Quiser Que Conte Outra Sérgio Roveri Tony Ramos – No Tempo da Delicadeza Tania Carvalho Vera Holtz – O Gosto da Vera Analu Ribeiro Vera Nunes – Raro Talento Eliana Pace Walderez de Barros – Voz e Silêncios Rogério Menezes Zezé Motta – Muito Prazer Rodrigo Murat Especial Agildo Ribeiro – O Capitão do Riso Wagner de Assis Beatriz Segall – Além das Aparências Nilu Lebert Carlos Zara – Paixão em Quatro Atos Tania Carvalho Cinema da Boca – Dicionário de Diretores Alfredo Sternheim Dina Sfat – Retratos de uma Guerreira Antonio Gilberto Eva Todor – O Teatro de Minha Vida Maria Angela de Jesus Eva Wilma – Arte e Vida Edla van Steen Gloria in Excelsior – Ascensão, Apogeu e Queda do Maior Sucesso da Televisão Brasileira Álvaro Moya Lembranças de Hollywood Dulce Damasceno de Britto, organizado por Alfredo Sternheim Maria Della Costa – Seu Teatro, Sua Vida Warde Marx Ney Latorraca – Uma Celebração Tania Carvalho Raul Cortez – Sem Medo de se Expor Nydia Licia Rede Manchete – Aconteceu, Virou História Elmo Francfort TV Tupi – Uma Linda História de Amor Vida Alves Victor Berbara – O Homem das Mil Faces Tania Carvalho Walmor Chagas – Ensaio Aberto para Um Homem Indignado Djalma Limongi Batista Formato: 23 x 31 cm Tipologia: Frutiger Papel miolo: Offset LD 90g/m2 Papel capa: Triplex 250g/m2 Número de páginas: 180 1a reimpressão: março de 2009 Editoração, CTP, impressão e acabamento: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo © 2004 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Biblioteca da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Licia, Nydia Sérgio Cardoso : imagens de sua arte / um roteiro iconográfico organizado por Nydia Licia – São Paulo : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004. 180p. : il. - (Coleção aplauso. Série especial / Coordenador geral Rubens Ewald Filho) ISBN 85.7060.251-0 1. Atores brasileiros 2. Cinema – Brasil 3. Teatro brasileiro 4. Cardoso, Sérgio, 1925-1972 – Biografia I. Título. II. Série CDD – 792.09881 Índice para catálogo sistemático: 1. Humoristas brasileiros : Biografia 928.69 Proibida reprodução total ou parcial sem autorização prévia do autor ou dos editores Lei nº 9.610 de 19/02/1998 Foi feito o depósito legal Lei nº 10.994, de 14/12/2004 Impresso no Brasil / 2004 Todos os direitos reservados. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Rua da Mooca, 1921 Mooca 03103-902 São Paulo SP www.imprensaoficial.com.br/livraria livros@imprensaoficial.com.br Grande São Paulo SAC 11 5013 5108 | 5109 Demais localidades 0800 0123 401 Coleção Aplauso | em todas as livrarias e no site www.imprensaoficial.com.br/livraria